segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sangue e Água



Introdução Histórica

A um bom tempo atrás minha família passamos o final de ano conhecendo as praias do Estado de São Paulo, quando nesse passeio eu convidei meu irmão para ir com a gente, era muito bom nessa época, família unida, sem malícias, sem interferências, só a gente como família. Bons tempos aqueles, não era preciso de permissão para sentar à mesa, simplesmente assentávamos para comer e nos divertir, é uma pena que as escolhas erradas levam à separação e rompimento, é pena que hoje em dia se joguem fora os relacionamentos sem o mínimo de valor às experiências vividas, mas isso é outra história...
Lembro-me que éramos felizes na simplicidade e não sabíamos, mas voltando a história, passamos por uma praia que era bem pequena de um lado a outro, e em um desses lados o pessoal entrava montanha acima no meio da mata, de onde estávamos na praia nós víamos as pessoas indo e vindo daquela trilha.
Resolvemos ir também, avisamos a minha esposa que ficou cuidando do meu filho e fomos em direção ao desconhecido, o curioso é que tudo parece mais perto do que realmente é, entramos na trilha e subimos a montanha, tudo muito lindo e à medida que subíamos a trilha ficava mais linda, mais perigosa e em alguns lugares dar um passo fora da trilha significava cair no precipício, mas continuamos com muito cuidado, nosso objetivo era chegar à ponta onde da praia avistávamos pedras e não tinha ondas.
Caminhamos por um bom tempo, subindo e subindo até começar a descida, era tão íngreme que descemos como se estivéssemos escalando, mas a aventura só intensificou, a adrenalina subia à medida que os obstáculos apareciam e a diversão foi garantida, mas enfim, chegamos às pedras, uma visão incrível, o mar o céu as pedras, lindíssimo, como não levamos relógio não tínhamos noção do tempo, e de quando tempo passamos para chegar até lá, foram pelo menos uma hora e meia de ida e ainda queríamos explorar as pedras.
Ficamos com muita sede e nem pensamos em levar água, lembro-me que havia uma pedra que parecia uma grande banheira, convidativa, o calor era grande e resolvi entrar, o formato era de uma banheira mesmo, que delícia me refrescar após aquela caminhada, quando entrei na água e me molhei, repentinamente veio em meus pensamentos o questionamento de como será que aquela água estava ali, e a resposta veio em seguida.
Muito embora o mar não tivesse ondas, pois estávamos bem à frente da arrebentação, tinham as marolas e uma dessas veio com força e me cobriu dentro da “banheira”, eu me agarrei nas laterais como um gato, travei os pés e as mãos porque as águas me puxavam com força e eu não queria cair no mar, quando a pressão diminuiu, saltei do buraco com cara de assustado, meu irmão não sabia se ria ou se ficava espantado, afinal ele viu tudo de fora, viu a onda me engolir e depois eu pular e sair correndo em direção ao lugar seguro.
Depois do susto, refrescar foi muito bom, mas não matou a sede e tínhamos a caminhada toda de volta, como estávamos ali mesmo resolvemos caminhar pelas pedras, saltar de uma a outra, mas um detalhe nos chamou atenção, em uma das pedras tinha um buraco como de uma pia e estava cheio de água, essa por sua vez não estava perto do mar, mas perto da montanha.
Resolvi verificar e a água era limpa, cristalina, coloquei a mão e estava fresca, resolvi provar, estávamos com muita sede e já havíamos conversado em como voltar se saciar a sede, para nossa surpresa a água era doce, rapidamente nos ajoelhamos e começamos a beber, confesso que devido às circunstâncias, era a água mais deliciosa que já provei, logo recobramos o ânimos, tivemos outras aventuras e resolvemos voltar para a praia, o desânimo havia ficado naquela água, não havia uma mina por perto, não dava para ver de onde ela brotava, era como se Deus tivesse preparado aquela água, fresca, limpa, saborosa, e um incrível alívio para que ainda teria que escalar a montanha e fazer toda a trilha de volta à praia.
Chegamos com segurança no final da tarde, eufóricos e felizes pelas aventuras vividas, pelo prazer da companhia um do outro, pelo caminho, pela trilha, pelo “caldo” da onda, pela visão indescritível do lugar.
Mas de tudo que vivemos o que jamais esquecerei foram aquelas duas tinas de água, a que estava perto do mar e era salgada preenchida de tempos em tempos pelas ondas e a que estava mais perto da montanha, ela tinha um ar místico de surpresa para os aventureiros que poderiam se saciar com a doçura e o refresco daquelas águas que estavam ali, prontas para servir.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Casa ou Barraca?

Introdução Histórica
Lembro-me de quando casei, eu e minha esposa éramos bem jovens, eu tinha 21 anos e ela 16, bem novos mesmo, éramos pobres, bem pobres, tínhamos sonhos de prosperidade e isso mexia muito conosco.
Como nos 4 primeiros anos não tínhamos filhos, não havia uma “parada certa” pelo menos é o que achávamos, estávamos passando muito aperto financeiro e como éramos novos as oportunidades eram variadas.
Resolvemos uma época trabalhar em São Paulo, entrei em um convênio de Saúde a GoldemCross e por um tempo fui trabalhar como agente de vendas, foi muito bom, ficamos morando provisoriamente no cortiço da família era 2 cômodos, o suficiente para nós, mas como a minha esposa ficava muito tempo só enquanto eu trabalhava na Paulista meu avô que ficou viúvo naquela época nos convidou para morar com ele em Mongaguá, sua casa era de frente para o mar, literalmente pisávamos na areia da praia quando saíamos do portão, um paraíso.
Ela ficava com meu avô durante a semana e eu trabalhava em São Paulo, na Sexta descia para a praia e durante a semana ficava com os parentes no cortiço.
Não tivemos problemas, éramos tratados muito bem por toda a família, meu avô adorava nossa presença em sua casa, foi um período bem prazeroso.
Mas algo dentro de nós não estava certo, ao mesmo tempo em que desfrutávamos de todo aquele período, sentíamos um desejo imenso de voltar para o interior, e tempos depois voltamos mesmo; talvez você possa achar que éramos loucos por ter voltado para a mesma situação, mas faltava algo dentro, algo sólido, faltava identidade, faltava certeza de que era o nosso lugar.
Uma coisa estranha sobre o ser humano é que não adianta ele estar no paraíso se o paraíso não for sua casa, ele pode se adaptar, falar para si mesmo todos os dias pela manhã:
- Olha que lugar! Que oportunidade! É aqui o melhor lugar...
Lá dentro bem no fundo tem o desejo de “voltar para casa” e conosco não foi diferente, aqui era o nosso lugar, com aperto de dinheiro, sem a praia, sem a agitação da Paulista, sabíamos depois de experimentar tudo que aqui era o nosso lugar.
É por isso que quase todos que vão trabalhar fora do país, por mais lindo e próspero que seja, o desejo de voltar para casa é inevitável, pode até ser controlado, pode ser calado, mas ele está lá, o desejo de voltar uma hora grita mais alto e a saudade aperta, aparecem as lembranças, a memória dos amigos e parentes queridos e o choro calado chega.
Texto: Lucas 6:47-49 “...Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante.
48 - É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída.
49 - Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.
   01 – Casa na areia ou na rocha?
 
Como é que identificamos se nossa casa está na rocha?
E se nossa declaração é de que estamos na rocha, mas na realidade estamos na areia?
Que evidências provam que realmente temos nossa construção em local seguro?
“... Uma das evidências que não se está edificado na rocha é a incredulidade e falta de experimentar D’Ele...”.
Você se declara um “crente” e “alguma coisa” começou a te atrair para outro lugar e você começou a ir lá...
Sabe aquele vazio, aquela sensação de preguiça, de falta de vontade de ir à igreja? Na realidade você está evitando-O, porque há alguma “coisa escondida” que você continua a fazer, qualquer coisa, e isso o faz oscilar entre Ele e “essa coisa”, normalmente “essa coisa” vence.
São várias as evidências de uma casa sem alicerce de uma vida na “barraca”, é uma instabilidade, uma inquietação de mover-se de uma coisa para outra buscando preencher o tal vazio:
Você pode estar trocando de parceiros sexuais.
Você pode estar trocando de amigos.
Você pode estar trocando de emprego.
Você pode estar trocando de igrejas. Uma após outra...
Você pode estar trocando de passatempos: Internet, distrações, games...
Você pode estar trocando de cortes de cabelo.
Você pode estar trocando o guarda-roupa.
Você pode estar trocando de carros.
Você pode estar trocando de endereço, mudando, mudando...
Porque não há um profundo contentamento (alicerce na Rocha) de identidade em Cristo. Não existe a profunda satisfação em Cristo.
Nossas vidas são um poço profundo de desejos incompletos e estar na rocha é se satisfazer todos os dias acordamos com fome, com desejos a cada manhã e Jesus diz:
Construa sua vida em mim e encontrará estabilidade, segurança.
Venha a mim e encontrará o contentamento e identidade, não precisará mais ficar mudando.
A vida daqueles sem alicerce é instável, não dá para achar segurança, não sabemos como eles acordarão amanhã, se estão firmes com a gente ou se estão desmontando a barraca e indo para outra freguesia.
Vai pra lá... Vem pra cá, mudando, mudando, desejo, desejo, desejo, nada preenche.
“... O problema com a barraca é que é fácil desmontar e montar, uma casa não pode ser desmontada, sem ser derrubada...”.
E a pergunta que insiste em falar:
Como é a sua casa?
Está construída com alicerces na rocha? Ou é feita de lona mesmo?
É possível confiar em você para um projeto de longo prazo?
É possível convidá-lo para um trabalho na comunidade ou nem você sabe onde estará no mês que vem?
Como você quer um bom emprego, um companheiro ou companheira, com essa construção de palafita?
Que estabilidade você provoca à sua volta?
Você oscila entre Jesus e a balada? Entre Jesus e um namoro? Um sexo? Dinheiro? Amigos? Eventos?
Aqueles que edificaram suas casas em Jesus sabem onde estão.
Porque estão.
Para quê estão.
Não sonham com um novo lugar, já acharam seu lugar, o melhor lugar, Jesus, eles vivem sobre Ele, firmes, constantes, satisfeitos, e preenchidos todos os dias.
Eles não vão para lugar nenhum, simplesmente vivem N’Ele, não ficam pulando de esposa em esposa, namorada em namorada, emprego em emprego, carro em carro, cabelo em cabelo, eles são estáveis.
Você é estável? Firme?
Pode soar meio parado, mas não é!
O dinamismo de uma vida firmada na rocha vai além dos desejos incontidos e insatisfeitos por novidade, firmeza na rocha é satisfação, é estase, é plenitude, é o alívio de ter identidade e não precisar mais vagar por todos os lugares à procura de si mesmo.
Não é um congelamento do ser, é estar centrado na rocha, convicto, firme, sempre forte.
É satisfação dia após dia fluindo desta amizade, deste relacionamento de amor.
Existe uma diferença entre movimento de fé confiante e movimento de ânsia frustrante:
Fé confiante – é casa com alicerces na rocha, é caminho firme em direção ao céu, sem paradas sem desvios, sem oscilações mortais, é uma vida tranquila independente do esterno. Não é pelo que se pode ver, mesmo que a tempestade chegue, que seja visível a fé confiante tem os alicercer profundos em Jesus.



Ânsia frustrante - É o desejo de mudar porque isso não está funcionando, mudar, mudar, mudar...
- É isso! Eu quero, eu vou...
- Já sei, vou mudar de cidade aqui não há oportunidade para mim, nem namoro, nem emprego; vou para Belo Monte lá haverá necessidade de pessoas como eu...
- Vou para Brasília, vou para São Paulo o salário lá é três vezes o que ganho aqui...
“... E assim a pessoa vive sem vida, sem saber que realmente é, vazia, sem conteúdo, sem propósito definido, o tempo vai passando e a ruína, o desvio é inevitável, infelizmente fadadas ao erro, a falência...”.
     Desfecho: Texto: Lucas 6:47 “... Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante...”.
A questão fundamental de comportamento cristão firmado na rocha está na continuidade e não na paralisação, muito embora estar na rocha pareça paralisação, não o é, o comportamento cristão firmado na rocha caminha progressivamente em direção ao crescimento espiritual.
Primeiro “vamos a Ele”, é o que Jesus disse: “Todo aquele que vem a mim”.
Ir a Jesus é o primeiro passo, mas não pode parar aí, é necessário avançar para ter a casa na rocha, ir à Jesus é relativamente fácil o difícil é o segundo passo:
Ouvir as suas palavras – Nem todos gostam do que Jesus fala, para dizer a verdade, quando começamos a ouvir suas palavras não gostamos porque Ele aponta nossos desejos incontidos e nos desafia a mudar, muitos param por ai, sem alicerce, só a “barraquinha” assim quando a coisa apertar é só levantar acampamento e ir para outro lugar.
O terceiro passo é o mais difícil: - “Praticar suas palavras”, ouvir é relativamente fácil, fazemos isso todos os domingos, semana após semana, mês após mês, ano após ano a questão ácida nas palavras de Jesus é ouvir e fazer, é praticar suas palavras em nosso cotidiano.
É levantar pela manhã e como diz em Efésios “encher-se” satisfazer-se com a segurança de que, mesmo que venham as enchentes da vida a “casa não vai cair”, sabemos que depois do tumulto estaremos ali, de pé...
Você está em pé? Hoje?
Ou essas festas e férias de final de ano já te levaram para outro lugar?
Você está passando por uma fase difícil? Se sua estrutura estiver firmada na rocha que é Jesus, depois que tudo passar, você estará ai, firme.
Talvez esse não seja seu caso, talvez você seja um “sem teto” morando em barracas improvisadas pelos caminhos, e a cada mudança, uma nova lona, a velha foi levada pela correnteza.
Desafio a você a vir, ouvir e praticar, asseguro que estará aqui muito depois que outros forem arrastados.
Este ano que passou foi uma enchente na fida de muita gente, na minha foi um caos, sinceramente tiveram momentos que achei que iria ser levado pela correnteza, mas estou aqui, o ano se foi levado pela correnteza do tempo e eu estou aqui, convido você a engrossar essa fileira dos firmes, firmados na rocha.
Venha, ouça e vamos praticar juntos...