segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vamos contar as estrelas?


Introdução Histórica
Eu nasci na grande São Paulo e parte de minha infância foi em meio a arranha céus, apartamentos, casas de COHAB e os famosos cortiços, ao contrário do que o nome possa parecer não era favela ou lugar sujo, é um terreno grande que nossa família possui onde várias casas são construídas de forma que abrigue toda a família, descendentes de espanhóis a família da parte de minha mãe tinha um desses cortiços, como na Espanha onde se mora junto, todos possuem suas casas, porém dividem o terreno, o tanque e o banheiro e lá havia vários; um banheiro para cada casa, mas diferente de hoje os banheiros eram construídos fora da casa, de modo que parecia um vestiário.
Lembro que era divertido brincar naquele lugar, meus primos de vários graus, meus irmãos todos nós brincávamos no “quintal comunitário”, para nós crianças uma festa, todos os dias o quintal cheio de crianças, brincando, totalmente seguras dentro dos muros, lembro das brincadeiras à noite, foi uma fase boa tirando o sufoco financeiro que nós tínhamos e alimentação difícil, para quatro irmãos a casa de dois quartos era bem apertada, o quintal então era nosso playground particular, uma extensão das casas apertadas.
Lembro de um detalhe curioso sobre São Paulo e é assim até hoje, é quase impossível ver estrelas, quando brincávamos à noite não se via o céu estrelado como posso ver hoje.
Lembro que via algumas estrelas, as mais brilhantes, quando o céu estava limpo de poluição ou nuvens, era possível contá-las e não chegava a uma centena delas.
Lembro-me das viagens que fazia para o interior do estado onde hoje moro com prazer, lembro-me quando ia para os sítios, adorava correr no “terrerão” e observar as estrelas, milhares de milhares no céu, ficava encantado, como tinham tantas, no começo em minha infância eu achava que o céu do interior tinha mais estrelas que para o lado de São Paulo, um pontilhar incontável de pontos de luz no céu, simplesmente maravilhoso.
Existem hábitos que não devemos perder, hoje ainda olho para o céu, agora morando num ponto privilegiado da cidade, posso observar a luz da cidade e o céu estrelado, ouço os animais silvestres diurnos e noturnos, acordo com os pássaros e por vezes alguns animais silvestres aparecem em minha varanda.
Quando paro para observar nosso céu como fazia desde criança fico ainda maravilhado com a quantidade infinita de estrelas, desisti de contar a muitos anos, mas quando me lembro das vezes que as tentei contar lembro-me também de uma promessa, lindíssima, uma das formas mais lindas que Deus a fez a um homem, a história é poética, possui um descrever todo especial, uma comunicação clara, sem parábolas dos objetivos infinitos de Deus.
Olhar para o céu é um hábito humano, sempre foi e imagino que num mundo sem poluição como era na época de Abraão, sua visão do céu noturno devia ser estonteante.
Deus o chamou para uma comunicação pelo seu hábito, Abraão assim como eu e você tinha o hábito de admirar o céu noturno e toda a sua beleza e mistérios.
A vida corrida, o conforto moderno, o stress, a vida acelerada nos fazem parar de observar o céu, esquecemos de admirar a grandeza do infinito da criação de Deus, um hábito que nos leva ao entendimento, à reflexão de que o ser que criou tudo isso é infinitamente maior e capaz de fazer, de cumprir suas promessas, apesar de nossa limitada visão, apesar de nossa vida à margem da vontade D’Ele.
Texto: Gênesis 15:1-6 “... Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.
2  Respondeu Abrão: SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer?
3 Disse mais Abrão: A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro.
5 Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade.
6 Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça.

  01 – Saindo de casa.

No sítio é uma característica o recolher-se quando anoitece, não é só descanso é proteção, é segurança, o escuro encobre a visão, gera mistérios, e uma casa segura e iluminada é um bom lugar para se passar a noite até o dia nascer.

Em Apocalipse 3:20 “... Eis que estou à porta e bato...”. “... Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta Eu Entrarei...”.

Deus bate à nossa porta e aguarda ansiosamente o convite para entrar, enquanto escrevo estas linhas meu pensamento me fez observar que quando leio ou me lembro deste texto, nunca imaginei Jesus batendo à porta de dia, sempre visualizei este texto à noite, como um convite para entrar e encontrar abrigo da noite, como um abrigo para Jesus que está ao relento esperando que alguém o ouça e o convide para entrar e se aconchegar, banhar-se, alimentar-se.
Não é um pensamento herético sobre a fragilidade de Deus, vejo este texto como esvaziamento, como uma das formas de Deus diminuir-se para ter relacionamento com o homem, uma forma de diminuir distâncias de construir pontes.

No texto de Gênesis Deus fez o contrário convidou Abraão para fora à noite, me questiono quantas vezes atendemos a este tipo de convite.
Sair do lugar de conforto, desligar a TV, o computador, o celular ou o vídeo game e simplesmente dar uma volta com Deus pela rua à noite.
Você desligaria esses apetrechos eletrônicos e sairia para um lugar escuro pelo puro prazer de caminhar com Deus?
Foi o que Deu fez com Abraão, ele havia recebido uma promessa da parte de Deus que de sua descendência surgiria uma grande e poderosa nação, porém sua idade foi avançando e sua esperança diminuindo.
Em uma conversa íntima com Deus em sua tenda, ele abriu seu coração, falou que não tinha herdeiros e que quem continuaria sua descendência seria um escravo nascido em casa.

Um detalhe sobre essa passagem é o fato de que Deus estava dentro da tenda a conversar habitualmente com Abraão e eu pergunto:
Quantas vezes por semana Deus te tem feito uma visita para um papo íntimo dentro de sua casa?
Vou reformular:
Alguma vez Deus te visitou?
Vou corrigir:
Você já ouviu Deus bater em sua porta para uma visita?

Deus já era morador daquela casa, e durante as conversas noturnas à beira da lamparina Abraão abria uma preocupação legítima sobre sua vida, ele começara a achar que não teria filhos, que não haveria herdeiros e como amigo de Deus teve liberdade em expor seus sentimentos reais.

Você expõe seus pensamentos para Deus, não me refiro à capacidade de Deus saber tudo o que pensamos, pergunto se você conversa com Deus e expões o que pensa, por mais absurdo, feio ou infantil?
Deus é seu amigo?
Seja sincero, é mesmo?

Então porque tanta frustração, tristezas, caras de desânimo e decepção com a própria vida?
Porque esse rostinho de emburramento e solidão?

Um fato importantíssimo sobre a forma de ver a vida é o relacionamento que temos com Deus, se Ele não faz parte de sua vida, não o espere pela chaminé com saco vermelho cheio de presentes, mesmo porque, Ele não quer a surpresa do presente que encontramos embaixo da árvore de natal, ele quer assentar-se à mesa e olhar em nossos olhos, Ele não quer entrar e sais à surdina.

“... O convite para dar uma volta lá fora é uma extensão de um relacionamento que já existe dentro da casa, afinal ninguém aceitaria o convite de sair para fora de um estranho e eu pergunto: Deus é um estranho para você?.”.

  02 – Vamos contar as estrelas?

Uma característica daquele que está preocupado ou desanimado é a prostração, quando estamos assim não olhamos para cima, olhamos para o chão, em qualquer lugar do planeta essa é uma reação comum, olhamos para baixo, é uma expressão de desilusão, de stress, é automático.
Não é errado olhar para baixo, o errado é derrotar-se por manter os olhos no chão.

Faz um tempo que comecei a treinar Jiu Jitsu, no começo fiz para ter um tempo com meu filho que gosta muito do esporte e leva o maior jeito, eu o levava para treinar e sempre dizia a ele que esse esporte não era para mim, não gostava de ficar preso, sou claustrofóbico e só de imaginar sentia aflição.
Mas um dia no treino só meu filho foi e o mestre me chamou para fazer também, relutei, neguei, mas como vi meu filho só ali, resolvi fazer para somar na aula, daquele dia em diante me tornei não só admirador, mas praticante do esporte.
O faço para adquirir resistência física e aliviar o stress, a preparação é excelente e tenho metas de saúde a atingir para ter qualidade de vida no futuro, ainda tenho pouca resistência, mas estou melhorando, para mim é agradável sentir a disposição resultante dos treinos.
Num desses treinos uma turma de amigos apareceu em casa e eu tinha que treinar, eu resolvi então chamar todos para o treino e eles toparam, fomos todos e foi muito divertido, depois dos aquecimentos fomos “rolar” (lutar), um dos amigos “rolou” comigo, mas eu estava muito cansado e num momento da luta desisti e dei a vitória a ele, o mestre que observava tudo atentamente quando me viu desistir me disse:
 - Você perdeu para você mesmo!

“... Esse é o problema com quem olha muito tempo para baixo, perde para si mesmo, desiste, principalmente se à sua volta não há mais ninguém...”.
Você tem perdido para você mesmo?

Minha dificuldade hoje é um braço engessado que quebrei caindo de uma escada, vou aos treinos e fico ali babando de vontade, mas não resisti, os últimos dois treinos acabei praticando com gesso mesmo, cansei muito e estava limitado, mas ainda assim foi prazeroso praticar.
No último treino o mestre avisou que iríamos exercitar uma séria para nos dar ritmo e cadência, foi muito intenso, e eu tinha o agravante o amigo gesso, mas um dos exercícios marcou minha mente.
Tínhamos que deitar no chão ao lado do parceiro de bruços e rolar por cima do parceiro de forma a ficar costas com costas e cair do outro lado, tudo rápido e num salto, o mestre contava acompanhando e eu não via a hora de chegar a dez onde normalmente ele parava as contagens, mas naquele foi diferente.
Quando cheguei a dez parei automaticamente com a satisfação de ter cumprido a etapa, mas o mestre gritou:
- Onze! Vamos! Onze!

Eu achei que era uma de suas brincadeiras, mas ele insistia e eu obedeci, mesmo com o gesso, apoiava o cotovelo no chão e me arremessava nas costas de meu filho, também deitado no chão e rolava por cima dele e caía do outro lado. Sinceramente achei que ia me dar um enfarte, sei lá, o coração acelerou e eu achei que não conseguiria dar mais nenhum salto mas para minha surpresa cheguei aos vinte!
O mestre me falou:
 - Viu!
- Você queria parar nos dez achando que não conseguiria mais e você foi aos vinte!...
Tive a nítida impressão que eu ouvira a voz de Deus naquele homem, a reflexão foi automática, e a surpresa também, tanto Deus como o mestre queriam me mostrar que eu posso muito mais do que penso de mim mesmo.

Você pode muito mais do que pensa, portando tenho uma coisa a dizer para você:
- ONZE!!!

Deus quando tem acesso, quando é parte de nossas vidas age da mesma forma, estamos em meio a problemas, com o olhar para baixo e repentinamente Ele grita mais alto:
- Onze! Onze! Vamos! Onze!

“... Nós confundimos aconchego com desistência, o pouco hábito que temos de falar com Deus é para chorar as mágoas esperando que Ele nos pegue no colo e cante: ‘Encoste sua cabecinha no meu ombro e chore’, uma boa parte de nossos “chorororôs” são manhas de covardia para enfrentar a vida, Deu não nega seu colo, porém ele sabe se é manha ou preguiça e se é, inevitavelmente o ouviremos dizer:
- Onze! Onze! Vamos! Onze!...”.

Nós confortavelmente vamos chorar dentro de casa e Deus vem com um convite digno de um ser infinito:
“- ... Vamos dar uma voltinha lá fora?...”.

Ele nos leva para fora de nossos muros de proteção emocional, no escuro da vida e quando começamos a ter sentimento de medo Ele diz:
“... Olha para cima! Conte as estrelas!...”.

“... Deus fez isso com Abraão Ele disse:
- Olhe para cima e conte as estrelas e acrescentou, essa será a quantidade de seus herdeiros legítimos, você não os poderá contar, e sempre que sentir medo olhe para as estrelas e tente contá-las, lembrarás que o Ser que as criou e sabe quantas existem é quem fez a promessa. Não desista para você mesmo, você pode mais do que isso...”.

  Desfecho: Texto: Jeremias 12:5 “... Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?...”.



Claríssimas como águas, sonoras como o trovão posso ouvir Deus gritar essas palavras:
- “... Onze! Onze! Vamos! Onze!...”.

Ora sejamos francos, não temos Deus como amigo.
Ele não faz parte de nossas vidas.
Quando faz é para ouvir nossas lamúrias.
Não temos o prazeroso hábito de conversar com Ele, aprendemos na falida religião que para falar nesse nível com Deus é preciso muita preparação, jejuns, orações, aprendemos que quem tem esse tipo de intimidade é o Líder, que Deus lhe revela tudo e ele (o líder) é nosso “mediador” entre nós e Deus.
Aprendemos que só através de nossos líderes temos acesso de qualidade e intimidade com Deus, que em casa não, só na igreja.
Escutamos e presenciamos os absurdos de que essa ou aquela igreja é detentora do poder de Deus, a igreja que tem o dever de facilitar o acesso do homem a Deus, escolhe quem tem esse acesso e rejeitam a maioria dos interessados, os de cabeça baixa.
Interessante que Deus veio exatamente para esses, os desesperançados, os pecadores e perdidos, marginalizados pela religião.

E novamente quando a igreja não interfere, não abafa seus gritos, claramente ouvimos Deus dizer através deste raciocínio:
- “... Onze! Onze! Vamos! Onze!...”.

A igreja diz que você não pode, que só é possível depois de muito preparo, depois de atingir a tal distorcida e equivocada “santidade” e Deus está a dizer:
- “... Onze! Onze! Vamos! Onze!...”.

- “... Você pode correr com gente que corre a cavalo! Acredite! Pare de chorar e comece a correr!..”.
- “Olhe para cima, conte as estrelas, essa é minha promessa, os homens te frustram, te fazem olhar para baixo, porém Deus diz olhe para cima...”.

Deus tem uma convicção a nosso respeito muito maior do que temos de nós mesmos, Ele nos fez com a estrutura e capacidade de disputar com cavalos e nós nos prostramos todas as vezes que as coisas não vão muito bem.

Eu o desafio a fazer de Deus seu amigo íntimo, independente do que sua igreja, e líderes disserem sobre isso, desafio você a sair dessa massa de manipulação e ir direto a Deus, ou melhor, deixar Deus vir direto a você e entrar em sua vida.

E depois disso O deixar dizer:
 - Vamos dar uma volta lá fora, no escuro.
 - Olhe para cima!
 - “... Onze! Onze! Vamos! Onze!...”.

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