terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Fantasma

Ilustração

Me lembro de quando era criança, por volta dos meus 9 anos, minha família morava na cidade de São Paulo e tinhamos o feliz hábito de nas férias escolares nos dirigirmos para o interior do estado em um sítio perto de Valentim Gentil, lá meu pai tinha um amigo de infância que adotei como tio, que tinha um filho quase da mesma idade minha e morava também naquele sítio em outra casa um primo de meu amigo, considerava todos primos.
Me lembro de o quanto amava aquele passeio, contava os dias e as horas para viajarmos a ansiedade era tamanha que tinha dificuldades para dormir na semana antes da viagem.
Ficava planejando tudo, juntava meu dinheiro da mesada para comprar apetrechos para pesca e coisas para brincar.
Na cidade não saía de casa, muita violência para poder brincar na rua, muitos riscos, então ficava ansioso pr chegar o dia de minha liberdade, como era prazeroso brincar no sítio, andar pelas matas, nadas nos córregos, pescar lambaris, derrubar caixas de marimbondos, fugir das vespas ferozes.
À noite não era diferente, brincávamos na varanda, com os jogos que levava, com os jogos que o sítio proporcionava, o futebol à noite no terrerão de café, o esconde esconde no pomar escuro.
Me lembro como se fosse hoje, a casa tinha uma varanda em L que dava de frente para uma grande árvore, muito antiga que não podíamos abraçar de tão grande, a visão da porta da sala dava exatamente para a grande árvore, muito alta e imponente, alguns metros após a árvore tinha um porteira, onde costumava me pendurar até ela fechar sozinha batendo na trava e se trancando.
Ela era feita propositalmente para fechar-se, caso ficasse aberta para que o gado não entrasse no quintal da casa.
Numa dessas noites estávamos na sala brincando com jogos quando ouvimos a porteira se abrir e bater fechando, me lembro que meu tio exclamar:
- Chegou alguém!
Curiosos saimos às pressas para ver quem chegou, saímos da sala, atravessamos a varanda, fomos em direção à árvore, à medida que nos aproximávamos da árvore e tudo ia ficando mais escuro, diminuíamos o passo esperando quem quer que seja vir em nossa direção. O fato é que essa pessoa não surgia por detrás da árvore ao nosso encontro, bateu um temor que nos paralizou, começamos então os passos lentos de perigo, esticando o pescoço pra conseguir ver a porteira atráz da árvore.
Começou o processo de medo e pavor que culminou em conseguirmos olhar a porteira vazia, trancada e ninguém... Gritamos de pavor e saímos em disparada para dentro da casa, de onde não saímos mais à noite, me lembro que naquelas férias não brincamos mais à noite nem na varanda da casa, brincar de esconde esconde nem pensare o futebol encerrou, só medo daquele episódeo que nos paralizou por todo um mês de férias.
A questão é que não foi uma pegadinha, nem uma brincadeira dos adultos, todos estavam na casa e a porteira estava trancada, não podia bater com vento, nós as crianças ficamos com medo, muito medo à noite, depois desse episódeo nossa vida infantil mudou à noite, o medo nos prendeu dentro da casa, acabaram-se as brincadeiras noturnas pelo pomar, pelo terrerão e não ousávamos chegar perto daquela árvore que parecia sinistra e assustadora.
O medo nos limitou à casa e essa se tornou nossa rotina noturna, brincadeiras na sala, nada de sair para fora e os ouvidos atentos a qualquer barulho fora da casa, e se o barulho fosse estranho... Medo e terror que só passava no dia seguinte à luz do sol que espantava as sombras e fazia do sinistro nosso play ground.
Introdução Histórica
Você tem medo de tempestade? De raios e trovões?
Você já remou contra o vento?
Já tentou dirigir um barco com ventos contrários?
Já se viu no meio de grande lago, cuja distância é a mesma para ir quanto para voltar? E uma tempestade se aproxima sem chance de fugir dela?

Texto: Mateus 14:22-32 – “... Logo em seguida ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão.
23 – Despedida a multidão, ele subiu ao monte para orar à parte. Ao cair da tarde (6 da tarde), estava ali sozinho.
24 – Entretanto, o barco já estava no meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário.
25 – Na quarta vigília da noite (3 da manhã), dirigiu-se Jesus a eles, andando por sobre o mar.
26 – Os discípulos, vendo-o caminhar por sobre o mar, assustaram-se, dizendo: - É um fantasma. E gritaram de medo.
27 – Jesus, porém, imediatamente lhes disse:
- Tende bom ânimo, sou eu, não temais.
28 – Respondeu-lhe Pedro:
- Senhor se és tu, manda-me ir ter contigo por sobre as águas.
29 – E ele disse: - Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas para ir ter com Jesus.
30 – Mas, observando o vento forte, teve medo e, começando a afundar, clamou: Senhor salva-me!
31 – Imediatamente, Jesus estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
32 – Entrando ambos no barco, o vento cessou...”

1 – Tempestades (verso 23).
Quando escolhemos caminha com Jesus, escolhemos ir contra o vento.
Não são as situações que ficam ruins com nossa escolha de fé, simplesmente resolvemos ir na contra mão do sistema, remar contra a corrente.
A tempestade está no meio do mar, sempre estará, a questão é subir no barco e ir ao seu encontro.
Andar com Jesus é viver por fé e a fé é provada pelas tempestades, não existe fé em terra firme, na segurança de nossas razões.
Onde estamos nós? Em terra firme e segura? Ou remando em direção à tempestade?
A questão inicial é que teremos uma vida intensa e repleta da presença de Jesus se subirmos no barco que ele mandar, remar de encontro à tempestade e continuar remando mesmo que a razão diga: Volte...

2 – Sobre as águas (verso 25).
Sempre é a hora certa, o teu socorro vem por sobre as águas...
Inatingível, seguro, feliz, em paz vem Jesus surpreendendo as intempéries.
Entenda que o teu Jesus não é afetado pelo vento ou ondas.
Sua mente segura consegue caminha por sobre as águas revoltas de nossos pensamentos.
Não existe um lugar tão tempestuoso quanto nossas mentes.
Repentinamente em meio a pensamentos agradáveis somos surpreendidos por ventos terríveis e nuvens tão negras quanto à morte.
Esse é o ponto e essa é a hora em que Jesus vem por sobre as águas de nossas vidas pronto a trazer a paz.

3 – Um fantasma! (verso 26 e 27)
Um fantasma?
Uma questão importantíssima de nossas vidas é a ausência de Deus.
Temos medo da tempestade, mas temos mais medo de Deus.
Nossas vidas tão ajustadas e de pensamento completos, auto-suficiente, mentes prontas, filosoficamente estabelecidas, conceitos formados.
Tornamos-nos ilhas, ou melhor, barcos solitários cujo controle é nosso e somente nosso, sem interferências ou palpites.

Nesse ponto que Deus se torna um fantasma pra nós, estamos cuidando de tudo, estamos no meio do mar da vida.
E Jesus?
Jesus ficou beijando as criancinhas, abraçando as velhinhas, cumprimentando os homens e dando tchau ao povo. Está ocupado...
Agora estamos no meio do mar e Ele não está aqui...
Onde Ele está? Que não fez nada? Que não faz nada?

Um fantasma!
Onde está Jesus em sua vida? Na praia?
Impossível um homem andar sobre as águas, só pode ser um fantasma!
Estamos tão assustados com a tempestade que quando Jesus se aproxima achamos que é um fantasma. E não precisa muito tempo, bastam algumas horas de pensamentos tenebrosos e levaremos o maior susto se Jesus aparecer no meio de tudo...

Acredite o propósito de Jesus não era assustar seus amigos era socorrer, do alto do monte onde orava e viu a tempestade, viu o barco remando sem progresso, outro barco levaria o mesmo tempo até chegar, dar a volta não resolveria, estavam no meio, o caminho mais rápido era por cima do mar.

Não foi a questão do milagre, foi à preocupação de Jesus com seus amigos, tanto que quando foi confundido com um fantasma “imediatamente” ele disse:
- Gente sou Eu, não tenham medo, estou aqui, vocês não estão sozinhos, animem-se, vim ajudar!
Jesus está exatamente aqui, agora, por cima das águas tempestuosas de nossas vidas dizendo:
- Gente sou Eu, não tenham medo, estou aqui, vocês não estão sozinhos, animem-se, vim ajudar!

Quando daremos ouvidos ao seu chamar?
Quando vencermos o medo, o medo de ser um fantasma. Que chegou e sumirá, nos deixando sós.
Um fantasma!
Uma aparição sobrenatural de uma pessoa morta.
Um morto a dois mil anos, com fama de justiceiro, que vem pra castigar qualquer passo fora da linha.
O que Jesus é para você?

4 – Se és tu de verdade me chames para perto... (verso 28 e 29)
Se és tu, me mande ter contigo sobre as águas.
Estamos prontos para andar sobre as águas?
Não pense que Ele não vai te chamar, pois vai.
O desejo de Jesus sempre é estar perto, sempre, tudo na sua vida mostrou isso, e todo o tempo seu interesse foi e é trazer o homem para perto.
Pedro fez o pedido certo: Me chama.
Pedro sabia do interesse de Jesus pela companhia, um fantasma só tem como objetivo assustar, seu propósito perderia o foco. Um fantasma não chamaria para perto, Jesus sim.
Chama-me então! Você teria coragem de dizer isso agora?
Diante dessa tempestade cuja única segurança aparente, é seu conceito.
Teria coragem de deixar o barquinho e pular nas águas?
Fé é isso, pular do seguro para o louco, mas entenda “o seguro” é um barco que afunda...

5 – Medo... (verso 30 e 31)
Pedro começou a observar o vento forte, e o medo chegou.
Quando Jesus nos chama, nos chama em meio à tempestade.
É preciso mais que um passo de fé, é necessário manter os olhos no mestre.
Continue a caminhar... Lembra do peixinho do filme – Continue a nadar...
Pois é assim, continue a andar... Não tire os olhos de que te chama.

Quantos de nós já olhamos para o lado e dissemos:
- Não vai dar certo!
Pedro assustou-se com a tempestade à sua volta, o subir e descer das ondas, o vento que quase o derrubava o deixou com medo.
Começou a afundar e gritou por socorro.

Hei! Não é um fantasma! Grite por socorro, você já está andando nas águas!
Ele não vai deixar você afundar.
Imediatamente Jesus estendeu a mão, imediatamente ele estenderá a mão para nós.
Experimente gritar por socorro.
Não tente voltar a nado para o barco a procura dos amigos que deixou pra pedir ajuda, grite para Jesus.

Onde estamos nessa história? Já descemos à água? Estamos afundando na falta de fé?
Hoje é dia de pedir socorro a Jesus, ele estenderá a mão na hora.
Faça isso agora. Senhor salva-me!

Desfecho: – O vento cessou... (verso 32)
Ambos subiram no barco e o vento cessou.
Inda que a tempestade seja visivelmente imensa e invencível, quando ambos sobem no barco tudo cessa.
Outras virão, mas a atitude é a mesma, a tempestade sempre cessa diante de Jesus.
Jesus não para a tempestade antes de nos atingir, mas ela tem que cessar diante D’Ele.
Entenda, temos ventos contrários, não vivemos fora do mundo.
Nossa vida não é andar sobre as águas, é chegar do outro lado.

A calmaria te espera, mas é preciso continuar com Jesus.
Nossa inconstância nos deixa à deriva, nos deixa com medo.

Ele diz sempre:
- Gente sou Eu, não tenham medo, estou aqui, vocês não estão sozinhos, animem-se, vim ajudar!

A vida não é só vento, o vento cessa, o vento prova nossa fé, nos faz lembrar de Jesus, Ele está aqui, veio ajudar.

“... Entrega o teu caminho ao Senhor, confia N’Ele e o mais ele fará...”

“... Não existe paz melhor do que quando Jesus entra em nosso barco, nossa mente renova, nosso coração se acalma e desfrutamos de uma travessia incrivelmente feliz...”

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