segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pra que serve uma luz que não acende?

Introdução histórica

Tenho uma pergunta por onde percorreremos este assunto, tão simples, conhecidíssimo do público religioso, citado entre tantos sermões, teatros, músicas e afins.
         Incomodamos-nos com as danças?
         Como mudamos de humor, entortamos o nariz para a realidade do que vemos, quando esperamos castigo e vemos prosperidade.
Diante da vitória de quem queremos ver na lona pelo “Castigo Divino”, ou “Justiça de Deus”, quantas vezes afirmamos: O d’ele está guardado, Deus vai pôr a mão...
         O que na verdade somos?
         O que as pessoas vêem quando nos vêem?
Pra que serve uma luz que não acende?
Onde uma luz tem que brilhar, na claridade ou no escuro?

“... A bem pouco tempo fui convidado para ir ver um show em uma boate numa cidade vizinha à minha. As pessoas que me fizeram o convite foram os próprios integrantes da banda, foi um convite de relacionamento, um convite feito por quem realmente gostaria que eu os visse e gostasse do seu trabalho.
O pessoal em questão são pessoas que eu aprendi amar de verdade, um sentimento semelhante ao que Jesus teve por mim, incondicional, verdadeiro, sem esperar algo em troca.
O lugar em questão é detestável para os religiosos, eles afirmam que é lugar de pecado, que é do diabo e etc.
Bem eu até entendo essa obsessão por “lugares do mal”, pois, já fui assim, mas quando me deparei com o amor incondicional de Deus por mim, quando entendi que por mais que eu tente fazer o certo, nunca vou conseguir agradar a Deus pelo meu comportamento, quando descobri que Ele nunca esperou em mim um “comportamento ideal”.
Entendi que a graça existe para ter relacionamento com Deus, que ela não está somente relacionada ao céu, mas também ao fato de que eu preciso dela para estar perto D’Ele aqui e hoje.
Aceitei com prazer o convite, me lembrei de vários lugares onde, segundo a opinião dos “religiosos da época” condenavam veementemente a presença de Jesus.
Lembrei-me que ele nunca se importou com a opinião de quem se achava “são” e ia sempre de encontro aos “doentes”.
Fui ao show, tirei fotos, postei em minha página de relacionamentos...
Foi um, com o termo realmente certo, pandemônio!
Como fui questionado, como minha fé foi posta em dúvida, e o julgamento dos perfeitos foi decretado!
Graças a Deus a comunidade onde sirvo, não só apóia, mas me acompanha, estamos juntos, aprendendo que quem precisa ser achado é quem está perdido.
Mas o pessoal que não faz...
Até gente da cidade onde fui, bisbilhotou minha página de relacionamento para falar de minhas atitudes como de um “desviado”, de um “falso”.
Digamos que dei bastante inspiração para os sermões de domingo e as “fofocas cristãs” da semana, ou melhor, para o resto do ano ou da vida...
Mas tenho que dizer: - “... Não to nem ai!”
Fiz e farei quantas vezes forem preciso, para me aproximar das pessoas que precisam conhecer o amor que conheci, eles precisam olhar para mim e ver, nem que for, por alguns segundos, um pequeno lampejo da luz que Jesus derramou em mim.
Não estou me santificando, ou justificando, o que Ele fez por mim, preciso retribuir e isso não é para minha glória é para a D’Ele.
“Para a minha glória, seria ficar só na igreja, apontar o pecado do povo, pregar sinais, ter revelações, fazer curas, como os críticos, fingindo santificação...”.
Como é admirável nosso senso de justiça, nossa capacidade de julgamento e condenação!
Não temos o menor pudor em, pelo menos, olha para o próprio ser antes de apontar o dedo sujo de pecado.
É o provérbio do macaco: Enrola o próprio rabo e aponta o dos outros.
Mas tenho que afirmar:
“... Os macacos são vítimas de calúnia, isso é atitude de homem mesmo...”.

Texto: Lucas 15:23-32 “... Também trazei o novilho gordo e o preparai. Comamos, façamos uma grande festa e regozijemo-nos!
24 – Porquanto este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado. E começaram a celebrar seu regresso.
25 - Entrementes, o filho mais velho estava no campo. Quando foi se aproximando da casa do pai, ouviu o som da música e das danças.
26 – Então chamou um dos servos e indagou-lhe sobre o que estava acontecendo.
27 – Este informou: “Teu irmão regressou, e teu pai mandou matar o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo!”.
28 – Mas o filho mais velho encheu-se de ira, e negou-se a entrar. Então o Pai saiu e insistiu com ele.
29 – Porém ele replicou ao pai: “Há tantos anos tenho trabalhado como um escravo para ti sem nunca ter desobedecido a uma só ordem tua. Contudo, tu nunca me ofereceste nem ao menos um cabrito para que pudesse festejar com meus amigos.
30 – No entanto, chegando em casa “esse teu filho”, que pôs fora os teus bens com prostitutas, tu ordenaste matar o novilho gordo para ele!
31 – Então, lhe arrazoou o pai: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que possuo é igualmente teu.
32 – Porém, nós tínhamos que celebrar muito à volta “deste teu irmão” e regozijarmo-nos, porque ele estava morto e reviveu, estava sem esperança e foi salvo!”“.

1 – Você se incomoda com as danças? Vs 23 - 28

“... Fico a pensar como o amor de Deus é incrivelmente misericordioso e o nosso amor proporcionalmente rigoroso e legalista, como nos incomodamos com os “pecadores”, como se nós mesmos não o fôssemos...”.
A verdade é que a pergunta acima deveria ser reformulada para:
 - “Você alguma vez na vida teve prazer com as danças!”
Com certeza, se olharmos para dentro, o dia que tivemos prazer com as danças é porque, de alguma forma, estávamos envolvidos nelas, alguma coisa do evento se relaciona com o “eu”.
Isso é coisa de ser humano, se não é pra mim, ou por mim, incomoda um bocado.
Vou ser um pouco condescendente, talvez em algum raro momento de altruísmo, tivemos prazer em ver as danças, que não fizemos e não era para nós, e o homenageado em questão era um cafajeste.
Acho que exagerei, acho impossível que não pensamos nada contrário.
Pra falar a verdade retiro o que disse!
Não acredito que já fizemos algo assim.

Não quero te desanimar, precisamos ter uma real perspectiva do nosso ser, de que somos assim, precisamos assumir quem somos.
“... O começo da cura é assumir a enfermidade...”.
Você se incomoda com as danças?

Pense, o filho mais velho, continuou com a vida, provavelmente suas atribuições de tarefas dobraram em função da saída vagabundo do filho mais novo, com certeza as tarefas que eram até então divididas, foram todas par o mais velho.
Motivo esse para o cara ficar uma fera com o irmão, você não ficaria?
Eu ficaria! Só eu ficaria?
Agora imagina ele voltando de um exaustivo dia de trabalho, no fim do dia, e ao longe escutar músicas e danças, algo incomum a casa e a família.
A cada passo o som aumentando e a voz de seu pai se fazendo valer de uma estranha alegria que a muito não se via, a curiosidade aumentando um sentimento de incômodo apertando o estômago pressentindo o aborrecimento.
Porque ele não entrou na festa, perguntou o que era?
Não entrou porque não foi buscado no campo, não foi chamado para o banquete, esqueceram d’ele, seu coração já estava cinza antes mesmo de saber que tudo aquilo era para seu irmão.
A notícia foi uma bomba!
Você se incomoda com as danças?

2 – A Gota D’Água Vs 28-29

E ele não se conteve, pôs para fora, foi realmente a gota d’água no relacionamento com seu pai.
Quando o Pai cheio de amor foi falar com ele, seu coração negro despejou:
Um escravo!
É isso que eu sou, um escravo!
Faço tudo por você, obedeço cegamente suas ordens, jamais desobedeci a uma ordem sua!
Não me deste nem um gato pra fazer churrasco com meus amigos!
Eu sou um escravo! Um idiota!
Quer dizer que se eu também tivesse ido embora você me receberia com festa?
Perdi meu tempo aqui, poderia ter vivido a vida, já que tudo termina em pizza! Parece até o Brasil!

Curioso como parece que já ouvi essa conversa!
Tenho a nítida impressão que já falei isso, você não a tem também?
Parece que foi a gente que falou isso, parece que ele copiou minhas palavras!
É isso meu amigo(a), esse somos nós, na realidade assim como o filho mais novo ele também estava insatisfeito com sua vida.
Esse é o ser humano, descontente, inquieto sempre a procura da mosca na sopa, é o prazer de não ter prazer em nada, cuja satisfação é ter insatisfação.
O carro não está bom, a roupa não está boa, o marido não é bom, a esposa não é boa, os filhos não são bons, a casa é ruim, a comida não é adequada, o emprego não presta, o dinheiro sempre é pouco, os amigos são ruins, a igreja é ruim, a cidade é horrível, a vida é um inferno e Deus não tá nem ai pra mim!
Qual é o desprazer que te dá prazer em viver?
Sabotadores da alegria nós somos.
Qual é a gota d’água que encheu nosso pote?
Qual é a gota d’água que encherá o pote?

3 – Esse Teu Filho... Vs 30-32

Que droga! Esse ingrato, biscateiro, gastou tudo com prostitutas, com drogas, é um cara de pau mentiroso e você está caindo na lábia d’ele novamente?
Esse teu filho, gastou seus bens, torrou com mulheres, fez o que quis agora está aqui com carinha de gato Sherek e você cai feito um bobo babão!
E o que é pior! Aposto como foi você que teve a idéia de oferecer a ele o novilho gordo! Me dá nojo!
Completamente irritado, perdeu a compostura, esqueceu os protocolos de falso respeito à autoridade, não conseguiu segurar seus sentimento íntimos e num momento de descontrole pôs para fora seus sentimentos interiores.
Esse é o verdadeiro filho mais velho, o outro é um impostor, fingindo obediência, mas por dentro o mesmo desejo do mais novo, queria sair fora de tudo aquilo, desejava independência só não teve coragem de fazer.

A pergunta que segue é para nossa meditação:
Tem alguma diferença entre desejar independência de Deus e realizá-la?
Não estamos obedecendo para cumprir protocolos de relacionamentos?

“... A expectativa destrói os relacionamentos, expectativa é uma forma de lei, é uma obrigação a ser cumprida em função do que se espera em um relacionamento, essa é uma lei do ser humano não de Deus, não é amor...”.

“... Relacionamentos construídos no amor são incondicionais, independe do que o outro faça, eu amo e pronto, esse é o relacionamento de Deus com o homem; Deus não tem expectativa a nosso respeito, isso tira o atributo da onisciência, afinal Ele vai ter que esperar que façamos...”.

“... Se Deus já sabe que vamos errar, como então ele tem “expectativas” a nosso respeito? A questão é que a cada erro estamos mais perto do acerto, ou melhor, a cada atitude humana reconhecida como falha estamos mais perto do relacionamento incondicional de Deus.
Mais uma vez é a contramão de nosso sistema religioso...”.

Desfecho: E ai... Vai ficar incomodado com as danças ou vai entrar na festa?

No verso 28 o pai insistia com ele para entrar na festa:
Entra meu filho! Vamos celebrar!
O Pai não via maldade em comemorar ele estava alegre pelo retorno.
Um ponto importantíssimo em relação ao verso 28 é sua ligação com o verso 31:
“... Então, lhe arrazoou o pai: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que possuo é igualmente teu...”.
Se tudo que o pai tinha era também do filho, sua alegria também, se o filho participou de tudo com o pai, porque não participar da festa?
Pensou nisso?
O que o filho mais velho afirmava ser escravidão, o Pai assegurava ser comunhão! “Você sempre está comigo!”

Uau! Seu chorão! Não percebeu? O que parece ser escravidão na realidade é comunhão?
Escravidão é a forma como vemos, sempre tivemos liberdade para entrar e sair, pois tudo o que o Abba (Papai) possui é teu, é meu e o é igualmente.
Ora se Deus quer celebrar com festas e danças pelos filhos perdidos que retornaram porque o emburramento?
Entra pra festa!
         “... Está na hora de pararmos de esperar o castigo de Deus para os outros e olhar a situação como se fôssemos nós os perdidos...”.
         Verso 32
“Porém, nós tínhamos que celebrar muito à volta “deste teu irmão” e regozijarmo-nos, porque ele estava morto e reviveu, estava sem esperança e foi salvo!”.

         Opa! Como Deus é lindo, a amargura do filho mais velho fio confrontada em meio a muito amor:
         Essa expressão está cheia de amor:
         Deste teu irmão”, é uma resposta incrivelmente sábia em meio a uma discussão acalorada:
         Ele não é só meu filho, é também o teu irmão, você deveria ter amor por ele como eu tenho!
         Onde está sua compaixão?

Outro ponto é que o pai em momento algum excluiu o filho mais velho, mesmo ele tivesse se excluído:
Nós tínhamos que celebrar muito!
Nós meu querido(a) sempre incluídos, sempre juntos!
Ele não falou: “Eu” tinha que celebrar muito.
O amor do Pai jamais vai colocar para fora um só ser humano criado para morar com ele no céu, em seu coração não existe exclusão, só amor, é sempre “nós”.

Nós é que desejamos ver o inferno cheio de pessoas injustas e merecedoras do castigo eterno, pense bem, não merecemos também?
Que santidade é essa que garante a passagem de ida para o céu?
Não é pela graça?

E ai? Vai ficar incomodado com as danças ou vai entrar na festa?

Se eu fosse você, não ficava tentando achar erros teológicos nessa mensagem, trocaria de roupa logo e entraria na balada do Pai! Afinal tudo é nosso! Igualmente nosso!
Pra que serve uma luz que não acende? Brilhe! Brilhe na festa!


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