Texto: João 21:15-17 “... Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.
16 – Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
17 – Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Simão entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado terceira vez: Amas-me? E respondeu: Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo. “Disse Jesus: apascenta as minhas ovelhas...”
Introdução Histórica
Vivemos em um mundo de respostas prontas e imediatismo.
Hoje nos encontramos diante da rapidez dos fatos, das notícias on-line em tempo real.
Sabemos do que acontece no mundo todo em apenas um clique.
O mundo a nossa volta não tem paciência de esperar por respostas que gastam tempo.
O tempo é um material escasso nesse processo.
Se estamos na escola, na faculdade, as respostas precisam ser rápidas e precisas.
Nós mesmos não temos paciência para esperar uma resposta que exija reflexão, que exija tempo de análise.
Aprendemos que o tempo é mais importante que a resposta.
Embora algumas matérias exijam do tempo como objeto de análise, e que a resposta correta é aquela que observa todas as hipóteses, ainda sim existe uma pressão psicológica em relação ao tempo.
Mesmo que seja uma resposta que exija pensamento, mais sábio não é aquele que tem a resposta mais completa, é aquele que a tem com rapidez.
Como respondemos às questões?
Como responderemos às questões da vida?
Você está com pressa?
Somos imediatistas?
01 – Ágape? Esta foi à primeira pergunta de Jesus para Pedro.
Ágape em grego significa o amor de Deus, é o mais sublime amor, é o termo usado para descrever um sentimento totalmente puro, abnegado.
Ágape quer dizer amor sacrificial, aquele que prova com a própria vida se necessário. É o amor mais puro, incondicional.
Pedro você me ama? Essa foi a pergunta inicial e filosófica.
Pedro você me ama como Deus me ama?
Pedro você me ama como Deus nos ama?
Pedro você me ama como Deus provou que te ama?
Precisamos entender que esta pergunta foi feita depois da morte de Jesus, Jesus tinha sumido do túmulo, Pedro estava frustrado por tê-lo negado.
Dentro de Pedro havia um vazio insuportável, imagine você declarar para uma pessoa que demonstra amor por você, uma pessoa que você sabe que te ama, cujo amor é real.
Imagine você responder a esse amor com palavras de fidelidade, com juras de amor, com pacto de morte por esse amor.
Foi o que Pedro disse a Jesus:
- Nem que preciso seja morrer, não te negarei...
Agora imagine que essa pessoa tão querida que te quer tão bem, te veja negando, fugindo da amizade, negando a amizade, rejeitando o que você mesmo declarou como pacto de morte.
Imagine essa pessoa te vendo trair a amizade e logo após a decepção provada, essa pessoa morra cruelmente, você, embora tenha sido covarde e omisso, o amasse só não teve coragem de enfrentar a identidade que possui.
Imagine o peso de não ter pedido perdão em vida, de não poder explicar que foi um momento de fraqueza, uma decepção consigo mesmo pela covardia.
Essa era a culpa de Pedro, esse era o seu peso, não poder se retratar, não poder pedir outra chance, tudo perdido, só o esmagador peso da culpa.
Repentinamente aquele homem frustrado consigo mesmo, se xingando por dentro, aquele homem que se intitulou novamente um pescador e voltou para o seu ofício anterior ao chamado, aquele homem que se olhou, que olhou para o espelho da alma e não gostou nada do que viu, repentinamente percebe ter outra chance.
Quando Pedro ouviu a voz de Jesus ressurreto na praia, ele pulou do barco e foi em direção a Ele.
Quando decepcionamos a Ele vamos ao seu encontro ou fugimos de seus olhos?
Quantas vezes abandonamos a Jesus por percebemos que não cumprimos nossas promessas com Ele.
Usamos o desânimo e a frustração como desculpa para não enfrentar e assumir que erramos.
Agora imagine aquele homem ferido por dentro contemplando a Jesus ali, vivo! Que incrível!
Mas um fato sobre o amor de Jesus, Ele nos encaminhará para o enfrentamento de nossos medos para os vencermos.
Sua atitude não é castigadora, repressora ou vingativa, é totalmente amorosa.
Sua pergunta foi um tanto inconsistente do ponto de vista lógico:
“... Pedro você me ama como Deus te ama?...”
Sabe qual foi sua Resposta?
“... Jesus, tu sabes, ágape não, fileo, eu te amo como um irmão ama outro irmão...”
A resposta de Pedro no grego não foi ágape foi fileo.
Fileo significa amor familiar, amor de amigo, a mor de irmão, amor humano, não divino.
Pedro respondeu:
“... Te amo como um amigo...”
Jesus replicou:
“... Então cuide dos meus cordeirinhos...”
Porque a insistência?
Realmente Jesus sabia de todas as coisas, então por que novamente a pergunta?
Jesus foi vítima de abandono, tinha o direito de perguntar, de questionar a afirmação de Pedro anteriormente:
“... Senhor porque não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida (ágape)...”
João 13:37
Pedro declarou que agiria com amor ágape por Jesus e não fez.
O próprio Jesus no verso 38 afirmou que Pedro o negaria 3 vezes.
Sabe aquela nossa resposta pronta para quando somos abordados sobre quem somos?
Nossa resposta pré-programada é:
Eu? Eu sou Cristão, sou músico na casa de Deus, sou o Pastor...
Eu? Já sou cristão a 30 anos, não preciso ser questionado sobre minha fé, meu tempo de cristão já é a prova de quem sou eu, 30 anos não é o suficiente para dizer se sou da fé ou não?
A dificuldade logo começa a aflorar-se, se somos questionados novamente, seguidamente, nossa mente sai do programado para um questionamento um pouco mais profundo.
Interiormente nossas perguntas e racionalizações são:
Porque está me perguntando novamente?
Pedro racionaliza:
- Obviamente eu precisava salvar minha vida, você não viu tudo?
- Se eu assumisse seria crucificado com você, era isso que você queria?
- Um companheiro para a cruz?
- É assim que você diz que me ama? Eu fui pego de surpresa, respondi automaticamente que não te conhecia, me defendi.
- Me desculpe, mas é Fileo!
Pedro, assim como todos nós temos o péssimo habito de falar sem nos conhecer, e mesmo sabendo de nossa pouca força, insistimos em assumir o papel de superman.
Tem um fato sobre nós, sobre mim, sobre você:
- Você não é o superman!
A segunda pergunta de Jesus tinha o objetivo de fazer Pedro sair do automático e olhar para dentro.
Não era uma cobrança sobre as “juras de ágape”, era um brado:
- Olha para dentro!
- Quem é você? O que você é? Já sabe a verdade?
- Ou não está a fim de saber?
Jesus não o castigou por isso, sua afirmação foi à mesma:
“... Então cuide das minhas ovelhinhas...”
“... Pedro seu amor por mim é Filéo?...”
A pergunta de Jesus assim como esse diálogo dá uma guinada, Pedro então evasivo, superficial, cheio de autocomiseração, cheio de auto-piedade, foi então confrontado pelas próprias palavras;
- Você me ama como um amigo?
- Você me ama como um irmão?
- É verdade isso que você diz?
- Você garante que não é mais ágape, que é fileo, garante que se conhece, que prometeu algo que só Deus pode fazer, que agora está consciente de que conhece os próprios limites?
- Eu te pergunto então meu amigo Pedro, você me ama como amigo?
- Me ama como irmão? É fileo então?
Jesus mexeu com Pedro, Pedro cheio de si, teve que olhar para dentro, no íntimo, no profundo, precisou olhar para os erros, teve que encarar os próprios pecados e medir seus sentimentos.
Jesus não questionou o abandono desta vez, ele questionou se Pedro aprendera a olhar para dentro de si, questionou quando é que assumiria seu “Eu Impostor”, questionou quando é que ele iria parar de responder a estímulos externos e assumir quem era.
Jesus queria fazer Pedro viver.
Pedro tinha medo do que os outros pensavam dele.
Pedro tinha muita preocupação com as aparências, com ser agradável a todos, essa postura o estava matando por dentro.
Essa postura estava roubando seu chamado, sua identidade.
Essa postura de ser legal com quem está perto o estava distanciando de Jesus.
Jesus lhe deu um choque com seu desfribilador, seu coração estava parando, estava voltando para a velha vida morta, Pedro estava voltando a ser um pescador de peixes, por ter se decepcionado consigo, cauterizou uma ferida que estava infeccionada.
O que Jesus fez foi abrir tudo tirou para fora a infecção, a podridão das máscaras de companheirismo, de heroísmo, de altruísmo, de abnegação, de superman.
Todas elas voltadas para ser aceito, ser acolhido, ser respeitado, ser venerado.
Pedro queria ser venerado como corajoso, pelos companheiros, ele realmente acreditava em suas mentiras, mesmo Jesus afirmando suas fraquezas.
Quando suas fraquezas são apontadas você nega?
Você tenta provar que não é verdade?
Vamos assumir, “todos” fazemos isso.
Todos nós temos medo do que os outros vão pensar de nós se assumirmos as fraquezas, se não dermos uma resposta à altura.
“... Jesus você sabe tudo, sabe tudo sobre mim, você sabe que eu te amo como irmão, sabes que é fileo, sinceramente gostaria que fosse ágape, gostaria que fosse divino o meu amor, mas não é...”
Não é provado na bíblia, mas a história afirma que o apóstolo Pedro foi crucificado de cabeça para baixo em foram de “X”, sua menção à própria condenação à morte de cruz seria de que ele não era digno de morrer como o Mestre morreu, então o crucificaram de cabeça para baixo por volta de 64 DC.
Verdade ou não ele teve a chance de experimentar o amor ágape em sua vida, seja pela prova de morte, ou não, mas com certeza pela prova de morte do próprio Jesus.
Querido Jesus afirma que a verdade liberta:
“... Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará...”
João 8:32
Afirmamos que a verdade é Jesus, e é, mas sua declaração vai além de olhar para Ele, Ele afirma sobre “toda a verdade”, isso inclui quem somos, onde estamos.
Jesus em nenhum instante o condenou pelos seus atos, ele o levou ao autoconhecimento, e sua afirmação foi à mesma:
“... Apascenta as minhas ovelhas...”
Ele afirmou: - “Não pare! Continue Sempre!”
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