domingo, 27 de junho de 2010

Encontro Marcado

Texto


Lucas 19:2-10 – “... Havia ali um homem chamando Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos, e era rico.

3 – Este procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.

4 – Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro para vê-lo, já que havia de passar por ali.

5 – Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima, e disse-lhe: - Zaqueu desce depressa. Hoje me convém pousar em tua casa.

6 – Apressando-se, desceu e o recebeu com alegria.

7 – Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um pecador.

8 – Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: - Senhor olha, eu dou aos pobres metade dos meus bens, e se nalguma coisa defraudei alguém, o restituo quadruplicado.

9 – Disse-lhe Jesus: - Hoje veio salvação a esta casa, porque também é filho de Abraão.

10 – Pois o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.


Introdução Histórica


Vamos entender quem era Zaqueu:

Um judeu, “filho de Abraão”, descendente direto dos patriarcas.

Judeu de judeus.

Aceitou ser um cobrador de impostos, mas não um cobrador qualquer, trabalhando para seu povo.

Um explorador direto de Roma cobrava impostos de seu próprio povo para Roma, recebia comissão de tudo o que arrecadava.

Mais que um cobrador era o chefe dos cobradores de impostos de Roma.

Considerado um verdadeiro traidor de seu povo de Seu Deus.

Marcado entre seu povo não por ter cometido um pecado, mas por ser um “harmatolos”.
 
OBS - Pecador - Grego -  hamartolos
               1) dedicado ao pecado, um pecador.
               1a) não livre de pecado.
               1b) pré-eminentemente pecador, especialmente mau.
               1b1) homens totalmente malvados
               1b2) especificamente de homens marcados por determinados vícios ou crimes.
                                    1b2a) coletores de imposto, pagão, idólatra


Excomungado do judaísmo, publicamente, por uma assembléia, tendo seu nome exposto como criminoso da religião, uma pena horrenda para um judeu.

Significava que por toda a sua vida Zaqueu e sua família, jamais poderiam fazer uma refeição em um lar judeu.

Jamais poderiam ir a uma sinagoga no sábado ou ir a Jerusalém para as festividades sagradas.

Filhos criados em um regime de exclusão, não podiam ir à escola, pois seriam perseguidos e castigados, tanto por seus colegas como por seus instrutores.

Esposa sem contato com vizinhas ou amigas.

Uma família marginalizada por uma nação, casa protegida por guarda armada, escolta 24 horas, seus amigos, outros cobradores de impostos e liderança romana.

Um preço alto para ter prosperidade, poderiam ter o que quisessem e não tinham nada, sem descendência, sem pátria, sem amigos, sem Deus.

         Mas havia uma sede, uma necessidade que o dinheiro e poder não davam, havia um vazio não preenchido, uma tristeza interior que Jesus conhecia muito bem...


Jesus olha pra cima.

Um detalhe interessante é que assim como Zaqueu o procurava Jesus também procurava Zaqueu.

Na realidade Zaqueu que queria ver como era Jesus foi encontrado por Ele, reconhecido por Ele, amado por Ele, independente de saber que era Zaqueu, quem era aquele ser desprezível, imundo e traidor.

Jesus olhou para cima...

Não foram os esforços de Zaqueu que chamaram a atenção de Jesus. Simplesmente na agenda de Jesus programada em detalhes por Abba, tinha um encontro importante, sublinhado como “indispensável”:


·       Encontrar-se com o querido Zaqueu.

·       Pousar na casa do meu amado Zaqueu.

·       Entrar na vida do meu filho Zaqueu.


Quando será que vamos compreender que os seres mais desprezíveis, são os que Abba tem em sua agenda como “encontro importante”?

Quando vamos entender que nós somos “os desprezíveis” que precisam desesperadamente desse encontro de amor incondicional?


Eu e você subimos em sicômoros a vida inteira para chamar a atenção de Jesus e não percebemos que Ele já nos conhece pelo nome e seu propósito, apesar de sermos os verdadeiros “harmatolos”, é pousar em nossa casa.


Hoje me convém pousar em sua casa.

Quando um judeu ortodoxo diz: “Quero jantar com você”, ela está dizendo:

 - Quero fazer amizade com você.

         Incrível!!!

Excomungado, condenado, perseguido, desprezado, vivo somente por causa da guarda romana, recebe um convite de amizade de Jesus.

Esse é o convite que ecoa na eternidade.


Essa é a declaração da agenda eterna de Jesus sobre:

·       Encontrar-se com o querido Flavinho.

·       Pousar na casa do meu amado Flavinho.

·       Entrar na vida do Flavinho.


Tenho boas novas para você:

Você está na agenda do ressurreto e seu Abba.

Ele te conhece pelo seu nome.

Ele te chama hoje pelo seu nome.

Eu não conheço seu nome.

Ele sabe tudo, não vai entrar como clandestino em sua vida.

Ele não é um ignorante aos fatos mais relevantes de nossas vidas.

Ele sabe, sabe que somos como Zaqueu, religiosos ou não, beatos ou não-praticante, líderes eclesiásticos ou seguidores.

Sabe que precisamos desse encontro, conhece nossa solidão interior e nossos placebos de religião, companhia e felicidade.

Ele sabia que Zaqueu precisava D’ele desesperadamente e tinha esse encontro marcado antes de se fazer homem.


Se você chegou até aqui, basta então olhar para Jesus, Ele declara:

 - Hoje me convém pousar em sua casa!

 - Quero fazer amizade com você!


O pulo da árvore.


Um fato interessante sobre o sicômoro é que o escalamos por vários motivos, porem precisamos descer para jantar.

Subimos nele para fugir da multidão, para sair da pressão, para criar distância dos homens que nos acusam, nos exploram, nos escravizam mesmo que em nome da religião.

Subimos para respirar, para fugir da condenação, da acusação.

Subimos por nos sentir pequenos como Zaqueu, desprezíveis como Zaqueu por sermos “harmatolos”.


Quando Jesus o convidou para ser seu amigo, fatos incríveis aconteceram.

Sentimentos que estavam secos a anos em seu coração repentinamente começaram a jorrar.

Seu coração se aqueceu, voltou a queimar, a bater, seu sangue em suas veias espirituais, outrora coagulado agora circulando e queimando.

Sua conversão foi imediata, completa, transformadora.


- Desce depressa meu amigo, é o convite de Jesus hoje para sua vida.

- Venha, vamos logo para sua casa, no seu lugar especial e particular, longe do desprezo dos homens, longe de seu próprio desprezo.

Quero fazer amizade com você.

Desce depressa meu amigo.


A conversão.


Em sua casa Zaqueu não caiu em êxtase espiritual, rolou falando em línguas, não começou a profetizar, não se ouviu vozes de anjos nem foram vistos.

Apenas a presença do ressurreto estava ali, jantando em sua casa, a conversa na mesa não foi sobre todos os seus pecados sórdidos de usurpação, roubo, corrupção, violência e mentiras.

Jesus não pregou na casa de Zaqueu, jantou com ele, conheceu sua família, conversa informal, pousou no quarto de hóspede, usou seu banheiro, bebeu de sua água seu vinho, comeu a comida preparada pela esposa.

Riram juntos das brincadeiras das crianças.

Lavaram os pés de Jesus naquela casa.

Jesus foi tratado como um governador romano, como um rei.


Um fato contundente e espantoso, Jesus desfrutou de tudo que Zaqueu ofereceu mesmo sabendo que era fruto de seu “trabalho sujo”.

Diante de nossa religiosidade e legalismo, essa não era uma situação pra dizer: - Tudo isso que você tem é sujo, está amaldiçoado e não posso comer nem dormir em sua casa?

Não é isso que faríamos?

 - “Tá amarrado!” Declara nossa voz ignorante.

 - “Misericórdia essa casa tá cheia de demônios!”


Jesus amou, simplesmente amou incondicionalmente, seu amor trouxe a conversão, sua mudança não foi por indução, pressão ou quebra de maldição.

Não foi feito um a sessão preparatória, Jesus esperou Zaqueu descer da árvore.

Agora ao invés de pular tentando ver Jesus, Zaqueu estava ao seu lado, como convidado, como amigo de honra.

A multidão enojada recua, abre espaço, critica, aponta o dedo, mas Jesus sempre soube o que estava fazendo.


Desfecho – Você é um Zaqueu? Somos?

De qual lado estamos?

Da multidão cheia de justiça própria ou de Zaqueu um excomungado?

Somos os acusadores ou o acusado?

Nessa situação nossa alma é posta à prova, sem escape, sem subterfúgios teológicos.

Se nos vemos limpos, distantes da sujeira da vida de Zaqueu, somos empurrados para a multidão legalista.

Se nos vemos pecadores, somo obrigados a admitir que somos “harmatolos” e fica evidente que nossa religião não passa de religiosidade e nossa espiritualidade é fingida e nossa prática de culto, apenas ritos religiosos ocos e sem Deus.

Os sentimentos espirituais, as visões e profecias são como a psicologia declara: “Ilusões emocionais induzidas pela coletividade”.

Assumir ser um Zaqueu é extremamente doloroso e frustrante para quem vive a anos na religião, quanto mais velhos na igreja, quanto maior nosso status de líder, mais difícil assumir que deixamos de ser Zaqueu e nos tornamos Fariseus.

Se nosso orgulho religioso negar a condição de “harmatolos” ficaremos do lado de fora do jantar, apontando e criticando.

Se assumirmos a condição de Zaqueu, um jantar especial nos espera.

Jesus vai entrar em nossa casa, jantar conosco, pousar em nossa casa. Não se preocupe, Ele sabe tudo de nossa vida, e está mais preocupado e morar conosco, do que com nossos erros hediondos.

Não é apologia ao pecado, é libertação dele, conviver com Jesus nos faz mudar, não é a igreja que faz isso, não o fazemos pra prestar conta com nossos líderes, fazemos pelos motivos certos, para melhorar nossa vida, para não deixar Jesus triste.

Você é um Zaqueu? Se for desce depressa, pois Jesus quer ser seu amigo. O que esta esperando?...

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