Introdução Histórica:
Dois povos de uma mesma nação, uma moeda de um lado o quanto vale, do outro a nobreza, a esfinge de um rei.
De um lado um povo que se misturou a outros povos os samaritanos, desvalorizados pela impureza da mistura, do outro lado os judeus, os nobres, puros de nascimento, seguidores das tradições, rígidos com a cultura.
A reflexão de hoje é o comportamento de cada lado da moeda e de que lado nós estamos?
Estamos do lado nobre ou do lado da impureza do valor atribuído?
A Palavra nos trata como “Reis e Sacerdotes”, os judeus se consideravam reis e sacerdotes, “nobreza e posição especial divina”.
A Palavra também condena a impureza, a mistura e da equivocada interpretação desses fatos surgiram os “puros e impuros” da nação.
Infelizmente vejo isso como característica de nosso tempo, “os puros e os impuros”, os “crentes e os do mundo”, “os católicos e os pagãos”, enfim todo mundo puxando a sardinha para seu prato de sabedoria, como o jumento que usa tapas para enxergar somente a frente de seu caminho.
Incapazes de contemplar a beleza da criação, o amor incondicional como dizem os samaritanos, “Salvador do Mundo”.
Será que temos a capacidade de enxergar que nossa religião não é a certa?
Que nenhuma é?
Que a salvação não vem da eucaristia, ou do batismo por imersão, ou de guardar o sábado, ou que jamais faremos o bem o suficiente para merecer uma reencarnação em uma situação de evolução?
Que não adianta falar docemente e fazer o bem incondicionalmente? Afinal não existe incondicionalidade em nosso “bem fazer”, tudo é interesse.
Nossas boas atitudes estão vinculadas ao “agradar a Deus”, ao evoluir, ao reencarnar, ao fazer média de alguma forma com pessoas, seres ou cosmos.
Vamos assumir, a natureza humana é má desde o Édem, essa palavras não são para te desanimar ou fazer desistir, mas para olhar a realidade dos fatos por detrás de nossas máscaras de boas ações ou religião.
O foco é olhar para o verdadeiro amor incondicional de Jesus, sua capacidade de unir como diz a Bíblia: “... De ambos os povos fez um...”
Um só lado da moeda, sem preço, só o Reino.
“... Venha a nós o teu Reino...”.
Reino que une, que não separa, cujos “Reis e Sacerdotes” saem do meio do povo, ou melhor, todo o povo, sem classe inferior, só Reis.
Difícil compreender esse caos?
Nossa natureza, nossa filosofia grega cuja ordem só é conseguida quando um manda e todos obedecem, dificulta a compreensão, principalmente quando o lado de nossa moeda é a nobreza. Para aqueles cujo valor é desprezado, diminuído é uma esperança.
De qual lado da moeda estamos?
Vamos para a prática do texto.
Texto: João 4:40-42 /46-54“... Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias.
41 Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra,
42 e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.
46 Jesus dirigiu-se, de novo, a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum.
47 Tendo ouvido dizer que Jesus viera da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e lhe rogou que descesse para curar seu filho, que estava à morte.
48 Então, Jesus lhe disse: Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis.
49 Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra.
50 Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu.
51 Já ele descia, quando os seus servos lhe vieram ao encontro, anunciando-lhe que o seu filho vivia.
52 Então, indagou deles a que hora o seu filho se sentira melhor. Informaram: Ontem, à hora sétima a febre o deixou.
53 Com isto, reconheceu o pai ser aquela precisamente a hora em que Jesus lhe dissera: Teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa.
54 Foi este o segundo sinal que fez Jesus, depois de vir da Judéia para a Galiléia...”.
01 – O lado do Preço. Verso 40-42
Um fato importante para entendermos o assunto são os samaritanos, considerados um povo impuro para os judeus, um povo de segunda linha.
A explicação para isso é que o povo samaritano era constituído de judeus que haviam se misturado com outros povos, deixando a raça impura.
A perseguição era tamanha que um judeu era proibido de conversar com um samaritano.
O primeiro ponto importantíssimo deste assunto é o fato de que nesses versos Jesus, “um judeu puro” estava “de conversa” com os samaritanos, havia ele conversado com uma mulher que estava buscando água no poço.
O segundo ponto é o fato de que aquele povo marginalizado tinha sede, eles creram nas suas palavras; no texto não existe nenhuma sombra de milagre, nada, apenas palavras.
Fico a me perguntar que palavras foram essas que atraíram uma região “impura” para ouvir e falar com um homem “puro”. Não estou aqui me referindo ao Jesus filho de Deus, mas, a um judeu de judeus, eles não sabiam quem era até ouvi-lo, depois de suas palavras, eles o declararam Salvador do mundo.
Mas o fato é que eles tinham sede, o paradoxo em ação:
Precisamos ter sede de ter sede.
Essa é a dificuldade com a religião, encontramos a forma de saciar a sede, o alívio do deserto acontece e passamos a seguir os preceitos religiosos, damos mais valor aos dogmas que ao Salvador do mundo.
Esse é o ponto chave, Jesus mata a sede, mas jamais devemos nos afastar da fonte, e quem não bebe da fonte não é inferior, apenas ainda não achou o caminho.
Aquele povo devido ao próprio valor atribuído pela nação tinha um desejo imenso de ser reconhecido como gente, quando conheceram um homem que os enxergou além de serem “sem raça definida” eles não precisaram de sinal algum para crer.
De “vira-latas” foram reconhecidos como pessoas, então diante de tanto amor, pra quê milagres?
02 – A esfinge da nobreza maltrapilha. Verso 48
Eu gostaria de não me ver incluído nesse lado da moeda, mas parece que quando penso em ter um valor atribuído, penso logo em me livrar da taxa, e para uma visão grega, só tem um jeito de não ser taxado, ser da nobreza.
Só um nobre não pode ser mensurado, pois taxar um valor de um nobre é ofender seu selo real, ninguém ousaria.
Esse é o medo e por ele caminhamos com nossas nobrezas maltrapilhas, nossos valores tacanhos e condicionais.
De alguma forma queremos a exclusividade, queremos ser especiais, diferente, superiores.
Infelizmente esse câncer diabólico, está infiltrado nas religiões, na igreja de Cristo, e isso não é arte do diabo, é a “diabolização humana” a necessidade de manipular a massa, a necessidade de afirmar que estamos certos e que o restante é cego, perdido ou “impuro” uns samaritanos vira-latas.
Fico a me perguntar que Deus de Amor Incondicional é esse que mandaria para o inferno, ou hades, ou purgatório, ou para uma reencarnação inferior alguém que não fez o que deveria fazer.
“... Para uma geração inteligente como a de hoje, é um tanto incoerente crer em uma divindade assim, não acredito nesse deus, esse não é o pai de Jesus, é invenção humana, nada mais que uma idolatria barata...”.
“... Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis...”. VS 48
Para a nobreza palavras não resolvem, são necessários os sinais, é preciso mais “entretenimento” e tem que ser de qualidade.
Jesus se dirigiu ao oficial do Rei, porém falou para o “povo puro”,
“... Vocês só acreditam se houver show da fé...”.
Não é uma crítica ao nome usado por um programa de TV, mas para os seguidores desse pensamento árido.
Jesus teve o mesmo problema com seu povo, para crerem N’Ele tinha que fazer sinais, não queriam ouvi-lo, queriam ver o Show da Fé.
Se Jesus estivesse vivo entre nós hoje, não leríamos seus livros, assistiríamos seu “talk show” esperando o “gran finale” onde os aleijados sairiam andando e os cegos vissem, os surdos ouvissem, a mensagem que salva seria um complemento, um “pano de fundo” para o brilho dos “Sinais”.
Ele não deixou de fazer os sinais, mas gritou claramente que a salvação vem pela mudança de pensamento e não pelos seus sinais.
Ele criticou a “pureza da religião” cansada do tédio da nobreza precisando de entretenimento diferente.
“... Vocês só crêem se tiver sinais, os samaritanos creram pelas palavras...”.
Em que nós cremos? Nas palavras ou precisamos de um milagre?
Desfecho: João 20: 29 “... Então Jesus lhe disse: Porque me viste, creste. Bem aventurados os que não viram, e creram...”.
Todas essas palavras não são uma crítica aos milagres ou as religiões como um todo, é uma crítica ao nosso interior insatisfeito cuja moeda ainda possui os dois lados, o do preço e o da nobreza.
Se oramos tanto para que Deus traga o seu Reino na terra, precisamos entender que sua moeda não tem preço só a esfinge da nobreza.
Um nobre que pagou com a vida, cuja vida “teve um preço”, seu lado não estava na esfinge, mas no preço, trinta moedas de prata.
“... Você não precisa de um milagre para crer, para crer, precisa entender suas palavras de salvação...”.
Ele mesmo afirma que a bem aventurança é daquele que não viu, mas creu.
Em relação ao segundo sinal feito, tenho que observar que nada foi narrado após a cura como salvação, somente o oficial do rei demonstrou crer para salvação, mas precisou fazer as contas da hora do milagre para crer.
Se à hora do milagre tivesse sido bem depois de Jesus ter afirmado, aquela casa creria N’Ele? O próprio Jesus afirma que não.
Mais ninguém creu. Somente os envolvidos emocionalmente, nem os amigos, nem os visinhos, ninguém na guarda do rei...
Em Samaria “muitos creram n’ele” VS 41, pelas suas palavras.
Jesus não deixou de fazer sinais, mas deixou claro que a salvação vem pela razão do pensamento, quando refletimos em suas palavras.
Suas palavras queimam o coração. (Lucas 24:32)
Suas palavras trazem perdão incondicional. (João 15:3)
Eu creio em milagre, já vi, já recebi, mas jamais, em hipótese alguma eles devem reger minha fé e minha convicção de salvação pela graça.
Quero deixar uma reflexão importantíssima:
Nossa moeda possui esfinge e preço?
Se ela possui de qual lado estamos? Nobreza ou Plebe?
Se nossa moeda só possui esfinge, então já recebemos o reino de Deus, se recebemos seu reino ainda precisamos de sinais par crer N’Ele?
Cara ou coroa? De plebe para nobre, pela graça.
“... A cada dia precisamos reforçar nossos valores, entender que somos reis e sacerdotes, porém, da “Nova Aliança”, cujo preço foi pago com a vida do Rei do Reis, nossa convicção não pode ser pelo que vemos, mas, pelo que cremos, seu amor incondicional...”.
“... Nosso espírito julgador precisa ser a cada dia mortificado, nossa vontade de fazer para trocar favores com Deus precisa ser extinta, nossas atitudes terão relevância quando não há mais um preço, somente a graça, de receber e dar...”.
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