terça-feira, 6 de setembro de 2011

Lembra-te de mim

Texto: Lucas 23:39-43 “... Um dos criminosos que ali estavam crucificados esbravejava insultos contra ele: ‘Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também’.
40 – Mas o outro criminoso o repreendeu, afirmando: ‘Nem ao menos teme a Deus, estando sob a mesma sentença?
41 – Nós, na verdade, estamos sendo executados com justiça, pois que recebemos a pena que nossos atos merecem. Porém, este homem não cometeu mal algum!’
42 – Então, dirigindo-se a Jesus, rogou-lhe: ‘Jesus! Lembra-te de mim quando entrardes no teu Reino’.
43 – E Jesus lhe assegurou: ‘Com toda a certeza te garanto: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!...”.


01 – Não és tu o Messias?

            Curioso como somos em relação a Deus.
            Nunca damos bola para toda a sua espalhafatosa forma de chamar nossa atenção, nem ligamos quando ele declara o seu amor eterno, somo indiferentes quanto ao convite de segui-lo.
            A cada encontro de fim de semana ouvimos os louvores, cantamos as músicas, escutamos a mensagem mais como “corujas” do que papagaios, os papagaios pelo menos repetem aquilo que ouvem, as corujas só ouvem...
               
A bíblia nos compara a espectadores de um show romântico:



 
“... Deveras, tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave, e que toca bem, pois ouvem as suas palavras, mas não as põem em prática...”.
                                                                                                                                   Ezequiel 33:32

Isso me faz pensar e questionar o que estamos fazendo aqui?

É obvio que estamos mais para o bandido esperto, quando as coisas começam a dar errado, logo corremos para Deus.
Colocamos a culpa em tudo, principalmente no Pastor.
Sabe qual é a maior causa de pessoas que saem da igreja?
Pois é, é o pastor, ele é o culpado, eu explico, qualquer problema com outras pessoas facilmente se resolvem, o pastor logo aparece para trazer a paz à situação e conseqüentemente a dificuldade é resolvida e as pessoas não saem da igreja.
Porém quando o problema é com ele, não tem ninguém para pacificar, pelo contrário, aparecem aqueles que ainda ateiam gasolina à pequena chama e ai...

A questão hoje não é o pastor causador de confusão, é o bandido esperto que estava morrendo ao lado de Jesus, ele estava preocupado com a própria vida e tentou mexer com as emoções de Jesus, na realidade ele queria mesmo era se livrar daquela super-encrenca.
O criminoso esperto ao ver a situação em que estava e que nunca tinha visto tanta gente assim reunida para ver um homem morrer, gente chorando desesperados por que seu mestre estava morrendo, gente gritando injustiça. Ele ouviu sobre Jesus, talvez nas ruas, talvez até o tenha visto pregar, provavelmente se aproveitou da multidão que Jesus atraía para tirar proveito de algum descuidado no empurra, empurra.

A verdade é que ele estava tão entretido com tudo que envolvia o belo artista que se apresentava falando de romantismo da salvação e poesias do bem ao próximo que não atentou para o que realmente “o show” queria transmitir.

Mas quando o calo aperta... Logo corremos afrouxar os sapatos, e é o que aquele homem queria:
“... Se você é mesmo o Messias, salva-te a ti mesmo e a nós. Principalmente a nós, ou melhor, ainda, me salvando já tá bom...”.

Outra questão é o desafio real à divindade:
Tá vendo tudo isso?
Por um acaso se importa comigo?
Tá vendo que eu existo?
Consegue enxergar meu sofrimento ou tá muito ocupado ajudando outros mais importantes?
Você existe mesmo?
Pois não parece!
Se existe porque não faz nada?

Essa é a realidade dos fatos, assistimos “ao show”, batemos palmas, cantamos, choramos emocionados, mas não entendemos absolutamente nada!
Não praticamos, dizemos que perdoamos, mas desejamos ardentemente a vingança, não admitimos nossa parte no erro, no fundo, bem disfarçado queremos sangue, continuamos com nossos esqueletos no armário.
Não olhamos para nossa condição, o que fizemos, o que causamos, somos os donos da verdade e da justiça, e nessa hora acreditamos em Deus e invocamos seus raios e trovões “sobre os outros”.

É muito mais fácil atribuir à culpa de nossos erros, frustrações, decepções ao aos outros, olhar na alma não é nem um pouco legal, é melhor assistir ao show...

Quanto tempo você vai ficar carregando esse ódio?
Já que espera a desgraça daquele que te feriu, porque não vai e faz de uma vez?
Já que a palavra perdão só serve para recebermos e não para pedirmos, porque não condena logo de uma vez e termina o jogo com a sua vitória?
O que está te impedindo de agir?
Quanto tempo você vai carregar esse orgulho dentro do peito?

“... Orgulho é sinal de ausência de sabedoria e falsa imagem pessoal, é sinal de máscara de perfeição e beleza escondendo uma face queimada e um espírito odioso...”.


02 – Nem ao menos teme a Deus?

            A outra face pergunta.
            Até no limite da cruz um bandido vai nos questionar quem somos.
               
            “... Hoje não estou legislando em causa própria, tento de todas as formas me enquadrar no molde do ladrão da direita, que pede a Jesus que se lembre dele, mas acho que me encaixo mais com o da esquerda...”.
               
            Nem ao menos teme a Deus?
            Que pergunta é essa!
            Vai ao fundo da alma e mostra a verdade.
            Se fosse uma encenação teatral o criminoso da direita daria um grande empurrão no da esquerda, arrancaria a máscara e o arrastaria até o espelho gritando:
               
- Se enxerga! Seu hipócrita! Você e eu merecemos, Ele não!
            - Se Ele pudesse fazer isso, acha mesmo que você seria livre?
            - Você e eu estamos aqui porque merecemos, Ele não!

            Esse é o ponto, estamos assim porque merecemos, não é culpa de ninguém, é sua, é minha, ou vai me dizer que se pudesse voltar atrás no tempo não concertaria nada?
            “... O mais incrível disso tudo é que se o criminoso condenado pudesse ter voltado atrás, seria para não ser pego no crime e tê-lo tornado um crime perfeito.
            O mais odioso que tentamos esconder é que bem no fundo, lá no escondidinho da alma, onde ninguém pode ver, se pudéssemos voltar no tempo, usaríamos essa viagem para levar vantagem...”.
            Ou alguém aqui verdadeiramente gostaria de voltar no tempo para ter tido um encontro com Jesus antes?
            Claro que não! Sejamos honestos pelo menos com nossos pensamentos.
                           
Nem ao menos teme a Deus?


Uma escolha; dois lados:
Levar vantagem, ter a vingança nas mãos, não reconhecer que errou, jamais pedir perdão, achar-se vítima, encobrir a verdade ou:
Assumir o prejuízo, trocar a vingança por amor incondicional, assumir que os próprios erros são bem maiores que parecem, pedir perdão de coração aberto, ver-se o algoz e trazer a própria verdade a tona.
Os dois lados nos levarão para a cruz, os dois lados causarão nossa morte, mas apenas um nos levará para o Paraíso.


   Desfecho: Lucas 23: 42-43 – Então, dirigindo-se a Jesus, rogou-lhe: ‘Jesus! Lembra-te de mim quando entrardes no teu Reino’.

  43 – E Jesus lhe assegurou: ‘Com toda a certeza te garanto: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!...”.

            Lembra-te de mim!
            Não é esse um questionamento sem esperança?
            Aquele condenado fez uma declaração perdida, ele afirmou seu erro, tinha a certeza que chegara sua hora, que chegara a hora de pagar por seus crimes e disse a Jesus:
            “... Quando você for para o teu reino, se puder, se não for muito difícil, lembra-te de mim...”.
            O que aquele homem esperava? Ele tinha idéia que não iria para onde Jesus iria, sabia que não merecia, sabia que seria impossível, ele não fez nada durante sua vida para atrair os olhos de Deus.
            Ele não era um religioso praticante era um criminoso, ele fez tudo de errado e o resultado foi prisão e morte.
            Ele nem sabia como funcionava o céu, sabia que não iria para lá, o que ele pediu foi para ser guardado na memória como alguém bom e não um criminoso desprezível, ele defendeu a Jesus e só pediu para ser lembrado por Jesus, mais nada.
            “... Isso é graça, não ter esperança de salvação e ser salvo...”.
            Que surpresa!
            Ouvir de Jesus que ele também estaria lá!
            Uma esperança na última hora, imagino sua pressa em morrer logo, um homem que só escolheu o errado, e recebe um convite para ir para o céu.

            Não adianta, no céu veremos criminosos, prostitutas, viciados, e toda sorte de pessoas sórdidas que foram alcançadas na última hora, pessoas que viveram quase toda a vida escolhendo o errado, pessoas para as quais Jesus veio.
               
“Nós pensamos que o céu vai estar cheio de pregadores da palavra, de missionários, de músicos cristãos, de pessoas que não tem tatuagem, que não possuem vícios, que “vivera aqui na terra para Deus”. Será?”

            Meu desafio vai além dos teus limites, o desafio a reconhecer que é o criminoso da esquerda, que ainda tenta levar vantagem sobre Deus.

            Como o infiel que diz que tem o coração para a obra, mas não tem renda suficiente para ajudar e que se tivesse seria um grande provedor – Um Mentiroso, quem não consegue ser fiel no pouco, menos ainda será no muito, a verdade é que a avareza é o verdadeiro Deus, cultuado e adorado, o ventre é o depósito de adoração, e a desculpa é a argumentação mais convincente. Mas só convence a si mesmo, mais ninguém.

            Como aquele que adora dar sermão nos outros, apontar os erros alheios - Cria fumaça para esconder os próprios erros que são piores ainda.

            Como o viciado que insiste que tem o controle sobre si mesmo, que pode ir aos bares, festas, conviver com viciados, beber só um pouquinho, divertir só um pouquinho, usar só um pouquinho. Não assumiu, nem com todo os tombos que levou, que está levando mais um, mentindo para si mesmo.

            Desejamos mesmo ir para o Paraíso de Deus?
            Teremos que primeiramente nos comparar ao criminoso esperto.
Teremos que assumir nossos erros.
            Teremos que abrir o coração para perdoar de verdade.
            Teremos que assumir que também precisamos pedir perdão e fazê-lo.
            Teremos que reconhecer que somos avarentos e abrir mão desse deus.
            Teremos que olhar no espelho da alma e ver o rosto queimado e a alma corrupta.
            Teremos que acima de tudo, como condenados não há mais nada que possamos fazer para mudar esse quadro de condenação, e que precisamos urgentemente de Jesus em nós.

“Lembra-te de mim”, precisa ser a nossa oração, não lembrar-se dos nossos problemas ou aflições, apenas lembrar-se de nós, como somos, pecadores maus e merecedores do castigo.
“Lembra-te de mim”, pois sou pecador, condenado e perdido; ninguém é culpado disso, só eu, eu mesmo. Lembra-te de mim.
E Jesus irá responder com um grande e salvador sorriso em meio às dores dos nossos pecados: “Hoje mesmo meu filho, hoje mesmo”.

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