terça-feira, 6 de setembro de 2011

Amazing Grace



Introdução Histórica:

            Eu fico imaginando se a “amazing grace” que foi tão cantada por nossos ancestrais fosse essa “fast food Grace” que é pregada nos programas televisivos de nossa geração.
            Esse misticismo todo encharcado de falsa graça totalmente condicional e limitado, reduzida a conceitos de salvação baseados em conceitos religiosos, em julgamentos pré-estabelecidos.
            - Isso! É condenação!
            - Aquilo! Não pode pisar no altar!
            - Não! Sem santificação não sobe! Não canta, não dança, não participa da ceia e por ai vão os absurdos dessa graça.
               
Santificação? Seria isso o “não errar”?
            Lembro-me bem de que não havia um músico sequer naquele “santo altar” que não estava transando com a namorada, e que se a coisa apertasse pra valer, nem os líderes com formação acadêmica ficariam no altar.
Mas ai é fácil, todo mundo vai casando e tá tudo liberado! “Esquece o passado”.

O que é santificação senão o ato de sempre se lavar em Jesus?
“... Um santo não é alguém bom, que nunca erra, mas aquele que experimenta a bondade de Deus e sempre se lava...”
               
Posso afirmar com certeza que se eu tivesse dado ouvidos aos meus líderes superiores acerca desse conceito estreito, ou melhor, esse preconceito pecaminoso, eu teria mandado praticamente todos que os que se reúnem em nossa comunidade para o inferno.
Não estou acusando ou defendendo, o próprio Apóstolo Paulo se auto-afirmou o principal pecador de todos os pecadores.                                                             I Timóteo 1:15

O que perturbava tanto esse ídolo dos cristãos e teólogos modernos?
Que espinho na carne esse homem possuía, o que o tal mensageiro de Satanás falava a Paulo que o humilhava para que não se achasse “o cara” das revelações?
Que espinho, ou melhor, que “rabo preso” ele tinha com seu passado que o humilhava a ponto de lembrar-se do que tinha feito e o que possuía em seu interior para “baixar a bolinha do ego”?
Seriam os cristãos que ele estuprou e matou ou seria uma possível dupla identidade que foi contida, mas que fazia parte de seu emocional?
                                                                                                                          II Coríntios 12:7-10

Não estou aqui tentando provar nada ou justificar, nem procuro manchar a vida dos apóstolos, estou chocando com palavras soltas e muito bem organizadas, trazendo um pensamento à mente que grita tentando sair:

“... Você precisa da graça seu maltrapilho legalista! Quer reconheçamos ou não, não passamos de pecadores que escondem os pecados para serem aceitos...”

“... Afirmo que não me importo mais, com críticas de quem sou ou o que faço, a graça veio a mim e me tirou da morte em que me encontrava, não fez uma transformação em mim, trouxe luz em minhas trevas, agora posso enxergar, posso me ver, e desejar ir para o perdão, para o trono da graça e encontrar a graça a me abraçar...”.

  Texto: Lucas 7:36-50 “... Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era de costume, junto à mesa.
  37 - Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume.
38 – E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pés de Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.
39 – Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: ‘Se este homem fora de fato profeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!’
40 – Então, voltou Jesus para o fariseu e lhe propôs: ‘Simão, tenho algo para dizer-te’. Ao que ele respondeu: ‘Sim, Mestre, dize-me’.
41 – ‘Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta.
42 – nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?
43 – Replicou-lhe Simão: ‘Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior’. Ao que Jesus o congratulou: ‘Julgaste acertadamente!’
44 – Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: ‘Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos.
45 – Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés.
46 – E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés.
47 – Por tudo isso te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado’.
48 – Em seguida, Jesus afirmou à mulher: ‘Perdoados estão todos os teus pecados!’
49 – Então, os demais convidados começaram a comentar: ‘Quem é este que pode até perdoar pecados?’
50 – E Jesus revela à mulher: ‘A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz’.

01 – Jesus fez uma comparação?

            É isso que entendi?
Jesus estava dizendo ao fariseu que aquela mulher tinha mais pecados do que ele?
Jesus estava humilhando aquela mulher diante de um hipócrita e ainda puxando o saco daquele fedorento?
Mesmo dizendo que aquele sujeito não usou um protocolo sequer com Jesus, ele ainda afirmava que aquela mulher tinha muito mais pecados?
Não com certeza!
Sua comparação foi além do texto e da exegese, ele não só liberou aquela mulher limpa, mas mostrou o que uma visão errada de si mesmo pode fazer.
Faz com que um homem realmente acredite que seu bom comportamento o faz superior aos que não possuem o tal bom comportamento.
Faz com que muitos líderes religiosos não assumam sua condição de fracos, pequenos, indignos do que estão realizando.
Quando estamos em posição de líder, achamos que foi nossa capacidade que nos colocou lá, ou a soma de tudo:
Um bom comportamento, uma postura de líder, conhecimento das escrituras, orações e jejuns, carisma, autoridade pessoal, e o pior, achamos que Deus nos escolheu por que somos especiais para o serviço.

Vou dizer sem meias palavras o que somos nas palavras de Brennam Manning:
“... Um amontoado de paradoxos, quando cremos duvidamos, temos esperança e nos sentimos desencorajados, amamos e odiamos, sentimo-nos mal quando nos sentimos bem, sentimo-nos culpados por não nos sentirmos culpados. Somos confiantes e desconfiados. Honestos e ainda sim insinceros. Aristóteles diz que somos um animal racional, eu digo que somos anjos com um incrível potencia para a cerveja (vicio)...”.
Jesus jamais trairia seu principio eterno: a Graça.
Jesus não o comparou ele afirmou que aquele fariseu estava fazendo uma imagem distorcida de quem realmente era.
O ponto principal neste raciocínio não era a prostituta, será depois, o fariseu e sua visão inchada de pressupor que devia menos é o ponto.
E eu pergunto:
Onde estamos nessa linda passagem do amor incondicional?
Somos o fariseu hipócrita que achava que estava aqui na terra ainda porque o mundo precisa de homens de exemplo como ele?
Ou somos a prostituta que talvez havia acabado de sair de um programa com um cliente e ao sair do quarto sentiu um desespero tal que ao ouvir que Jesus estava ali perto correu para lá para não se suicidar?
Ela levou de presente para aquele homem um perfume que custa o salário de 300 dias de um trabalhador, aproximadamente 12.500,00 provavelmente mais nos dias de hoje, não pela nossa base de salário, mas pela fartura que havia na época com pagamentos em ouro.
Que presentinho! Um presente talvez de um xeique, com certeza era mulher cara, mas era “pecadora”.
Se fosse nos dias de hoje?
Qual pastor aceitaria uma oferta de uma prostituta?
Algo que estava claro que foi fruto da prostituição?

Jesus aceitou! Essa é a diferença na graça, quanto mais tentamos colocá-la em teoria mais inexplicável fica, graça não se explica, se recebe e é de ambos os lados, de quem nos oferece e do que nós devolvemos a Ele.

Mas e ai? De que lado estamos?

Não tem um lado bom não é?

Muitos pecados ou pecados escondidos?
               

02 – Vs 44 – Vês esta mulher?

            Que pergunta incrível!
            E eu reforço:
            “Você consegue ver aquela mulher?”
            Consegue mesmo? Você a convidaria para jantar em sua casa?
            Daria o seu lugar na igreja?
            A convidaria para se assentar na tribuna?

            “Você consegue ver aquela mulher?”
            Ela seria convidada para uma comemoração na igreja? Uma festa sua?
            Sejamos honestos, tudo é lindo na teoria!
            Duvido que ela não causasse incômodo, e muito, duvido que mesmo que discretamente as esposas logo juntariam seus maridos pelo braço e daria aquele olhar e um rosnado, inda mais se ela fosse linda...
               
            “Você consegue ver aquela mulher?”
            Jesus afirmou:
            Ela me fez muito mais do que você fez até agora com esse jantarzinho de meia tigela e esse cordeiro velho.
                       

03 – Amazing Grace.

Linda canção, inda mais cantada por Elvis Presley, dá arrepios, não sei a você, mas a mim dá, não pela sua incrível interpretação e voz, mas por saber que aquele homem de Deus oscilava entre o sucesso, a riqueza e a depressão.
Um homem que perdeu sua mãe da mesma forma que morreu, cheia de remédios antidepressivos, uma dor que o impulsionava para a Maravilhosa Graça, um homem que foi e é adorado, mas sabia que em seu íntimo se não fosse o toque de Jesus ele não suportaria a pressão.

Um homem que diante de um show com milhares de pessoas e um grupo de jovens que fizeram uma faixa gigante e no meio do show ergueram-na dom os dizeres: Elvis, você é o Rei! E ele respondeu:
Eu não sou o Rei, Jesus Cristo é o Rei, aquelas jovens assentaram-se envergonhadas e o nome do Homem que aceita a adoração de super astros perdidos e choros de prostitutas foi exaltado, muito mais que as adorações feitas em templos por grandes nomes da adoração moderna.

Maravilhosa Graça capaz de afirmar que a atitude daquela prostituta foi um ato de grande amor demonstrado. (Verso 47)
Um amor tão puro, tão sincero, atribuído por Jesus a uma pessoa de passado e presente bem sujo.

Maravilhosa Graça que me faz levantar mais um dia, e ver mais um por do sol com a esperança de ser abraçado por Ele, com a consciência de que eu deveria ir para o inferno sem paradas, e o mais incrível é que o abraço vem nas dores do silêncio e me faz esquecer os meus lamentos, um abraço tão puro e sincero que me consola por mais um dia que se foi...
Maravilhosa Graça que enxuga minhas lágrimas, e me toca no fundo da alma, alma essa que sente a dor de ver que sou um maltrapilho, e não um pastor de sucesso me faz ver que a prostituta fez o que eu deveria ter feito, mas infelizmente não sou ela, sou o fariseu que o chamou para jantar, oferecendo carne de terceira e uma vida de quinta.
Maravilhosa Graça que acolhe meu desespero porque Jesus me diz mesma coisa:
“... Entrei em tua casa e não me trouxeste água para lavar os pés, não me deste um beijo no rosto, não ungiste minha cabeça com óleo, mas mesmo assim, ainda que você ache que é o homem que deve menos, o perdão também é para você...”.

   Desfecho: Romanos 5:20 “... A Lei foi instituída para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.

     Lucas 7:47 – Por tudo isso te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado’.

Jesus foi o criador a superabundante graça, Paulo a experimentou, em seus espinhos secretos, em sua conduta agressiva, em sua depressão que fez ir para Jerusalém ao encontro de sua morte e ao revelar em sua famosa expressão:

“... Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro...”.         Filipenses 1:21

Meu desejo é que aconteça esse despertar em nós, que a Maravilhosa Graça te encontre e te faça respirar, te liberte da religiosidade e te faça oferecer o teu melhor, como aquela mulher fez.

Aquele fariseu não tinha uma real noção de si mesmo, não sabia ele que o maior devedor não era aquela mulher, era ele mesmo, “pouco amor foi revelado” ele porque não se viu um pecador.

Você luta pra sobreviver?
Como diz a canção?
Espinhos te fazem sofrer?
Hoje é mais um dia?
Foi “só por hoje” para você?

É a graça que te faz vencer, e é o conhecimento da necessidade da graça que te faz vencer.
Você quer se sentir muito amado por Jesus, então sua dívida tem que ser grande.
É preciso reconhecer que você precisa de Jesus todos os dias, e olhar para a sua luz para não se perder.
Reconhecer que Ele é a sua alegria e que Ele é o Deus da sua vida.

Como cantamos:

“... Deus da minha vida fica comigo,
      Sou a sua casa mora em mim
      Deixa eu te dizer o que eu preciso:
      Eu preciso do Senhor...”.

Vamos para a graça? Pode ser hoje? Agora?



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