segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pré-Acampamento Identidade – Afinal Quem Somos Nós?

         Introdução Histórica:
Diz o refrão de uma música do Fruto Sagrado:
            Quem é você?
            O que você é?
            Tá aqui por quê?
            Já sabe a verdade?
            Ou não está a fim de saber?

      Texto: Jeremias 35:1-10 “... Palavra que do SENHOR veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
2- Vai à casa dos recabitas, fala com eles, leva-os à Casa do SENHOR, a uma das câmaras, e dá-lhes vinho a beber.
3- Então, tomei a Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, aos irmãos, e a todos os filhos dele, e a toda a casa dos recabitas;
4- e os levei à Casa do SENHOR, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes e sobre a de Maaséias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5- e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos e lhes disse: Bebei vinho.
6- Mas eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou: Nunca, jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos;
7- não edificareis casa, não fareis sementeiras, não plantareis, nem possuireis vinha alguma; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a terra em que viveis peregrinando.
8- Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;
9- nem edificamos casas para nossa habitação; não temos vinha, nem campo, nem semente.
10- Mas habitamos em tendas, e, assim, obedecemos, e tudo fizemos segundo nos ordenou Jonadabe, nosso pai.

        01 – Seja Feita a Minha Vontade...

São palavras lindas e eternas se fossem conjugadas na pessoa certa da oração. Quase passa despercebida se não atentarmos para o eu.
“... Que seja feita a minha vontade...” é o que o nosso mundo grita desde os primórdios da humanidade.
Pela falta da identidade, pelo seqüestro de quem somos estamos todos os dias correndo atrás do “Eu” como um débil atrás do vento tentando pegá-lo.
Esta é a grande verdade, quanto mais inteligentes mais corremos atrás do vento.
Quando Adão entregou a Eva seu “Eu de Deus”, quando Eva entregou à serpente, ou melhor, ao Diabo seu “Eu de Deus” perderam-se de quem eram, imaginemos:
Uma existência na perfeição de Deus e em um só dia, tudo modificado, um seqüestro, um cativeiro, banidos de quem eram, expulsos dos jardins, vida dura de dores de parto, suor do rosto pelo pão.
Capitalismo selvagem, a lei do mais forte, a manipulação para uso e fruto, as mentiras sociais, as mentiras urbanas, religiosas, pessoais, os impostores atuando no palco principal da vida, crentes de que são reais, de que existem.
Desde Adão, quando se entregou ao seqüestro de sua subjetividade o homem tenta sem sucesso ser ele mesmo através de suas invenções do “Eu”, o homem tenta se recriar já que perdeu Deus de vista.
Perdido do seu Pai o homem tenta inventar os chás da tarde com Deus, usa religiões do Ego, vazias como a própria alma.
“... O primeiro caso de seqüestro da humanidade foi no Édem, o homem foi criado para viver com Deus e abdicou desse direito, entregou eu “Eu” ao inimigo, ao seqüestrador que o prendeu no cativeiro, tirou d’ele seu lugar, sua honra, seu sobrenome, sua essência...

Agora desesperado e amargo sem norte o homem caminha por si só, não buscou reencontro, não buscou arrependimento, só amargura, não pediu perdão, foi viver a vida ausente de si, afinal seu “Eu” estava perdido para sempre.
Embora tenha sido o único ser humano que literalmente tomou chá da tarde com Deus, que o viu face a face, que conversou com Ele como conversamos com quem gostamos, Adão parece não ter conhecido Deus.

“... Faltaram arrependimento e reconciliação em Adão, foi preciso o Deus de Amor enviar seu filho para reconciliar consigo o mundo. O homem insiste em continuar no palco da vida, escondendo seu vazio por detrás das rotundas, insiste em viver no palco, no picadeiro, luzes artificiais, efeitos e defeitos, ele avança seguro de si para o centro, apenas uma encenação, nada real, porém, realmente acredita na realidade de seu show...”
         
     02 – Recabitas, um povo estranho?

Se houver um pouco de sinceridade em nosso olhar, existe algo muito estranho e chocante no texto, simplesmente um absurdo, uma insanidade coletiva.
O pai resolveu deduzir que sua família teria uma vila longa, que sua hereditariedade duraria mais que o natural se simplesmente não bebessem bebida alcoólica, não tivessem terras, não plantassem, não cultivassem, não possuíssem casas, morassem em tendas pelo resto da vida...
Os herdeiros desse decreto insano obedeceram a essas palavras, realmente acreditaram nisso, nessa dieta de longevidade, nessa fonte da juventude.
Algo deve ser observado, a forma mais comum de vida naquela época era a agricultura, em algumas regiões não havia moeda, somente a troca de produtos agropecuários.
Podemos deduzir que esses familiares se tornaram mascates, afinal não tinham o mais importante para a produção de recursos: a terra.

Embora tudo pareça estranho, Jonadabe, filho de Recabe, teve uma revelação de Deus, ele acreditou no seu chamado, conseguiu ver além de seus olhos, visualizou o futuro, muito além de sua existência.
Jonadabe viu a promessa de Deus para sua família bem depois de sua morte.
Eles não eram estranhos, havia uma crença verdadeira de chamado, talvez com o tempo os sucessores comprovaram que seus descendentes viviam mais, que sua família estava unida, que eram saudáveis.
Talvez verificaram que a falta de casas e terras, tiravam d’eles as preocupações com o que diz respeito, viviam mais por que tinham vida simples, como diz a canção:
“...Casa simplesinha, Rede pra dormir,
De noite um show no céu, Deito pra assistir,
Deus e Eu no sertão...”
               
“... Não eram estranhos, eram simples, simplificados da vida corrida e desesperada do homem, daí nossa estranheza para com eles, não ter onde morar, não ter liberdade de beber o vinho da alegria nem em uma festa de casamento, afinal não adquirir, não conquistar é o mesmo que não ser...”

Lucas 12:15 – Então lhes disse: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza:
“... A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui...”

Estranhos somos nós, descontentes, críticos da simplicidade, tentando provar que somos por termos.
“... Loucos somos nós que entregamos nossa subjetividade para o seqüestrador do “Eu”, Não somos donos de nós, perdemos nossa identidade, justificamos nossos atos no palco, o “Eu” está lá, amordaçado, amarrado, jogado no colchão, mal alimentado submisso ao nosso capricho por detrás da rotunda...”

Desfecho: Texto Jeremias 35:16, 18-19 “... Visto que os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai, que ele lhes ordenara, mas este povo não me obedeceu,
18- À casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus preceitos, e tudo fizestes segundo vos ordenou,
19- por isso, assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Nunca faltará homem a Jonadabe, filho de Recabe, que esteja na minha presença...”

            E ai quem é louco agora?Diga!
            É o que diriam hoje diante de nossas afirmativas de direito.

Eles sabiam quem eram, de onde vieram e para onde iriam, e nós? Sabemos?
               
Enquanto encenamos a peça: “Vidas Secas” uma retórica sobre a afirmativa da vida plena que não existe, os Recabitas estão lá, assentados confortavelmente nas poltronas acolchoadas, anônimos para nós, no escuro que nossas luzes artificiais proporcionam.
Estão lá esperando o Gran Finale, onde o palco cai, as luzes explodem, as cortinas da rotunda pegam fogo, e o “Eu” seqüestrado finalmente é libertado pelo Homem do Cavalo Branco que corta suas cordas com sua espada de dois gumes, capaz de separar Juntas e Medulas, Alma e Espírito, Pensamentos e Intenções.
Aplaudindo de pé, os Recabitas gritam, assoviam, jogam papeis picados, e um buquê de flores é entregue a cada um dos atores trapalhões que diante do fiasco de apresentação, descobriram que o melhor da peça foi a intromissão desse “Cavaleiro”.
Agora desnudos de seus personagens ideais, são comuns, podem receber os aplausos como salvos de si, salvos pela graça de Deus, herdeiros da promessa de que nunca faltará a presença de Deus para o chá da tarde.

Tenho um desafio, já que o palco vai cair, que seja você que comece a Anarquia, coloque fogo nas cortinas, destrua suas lâmpadas de foco e realce deixe o Cavaleiro Chamado Jesus te salvar.
O buquê de Rosas de Saron está preparado, identifique-se e venha para a Festa do Cordeiro.

Nossa encenação não vai dar certo, você já sabe a verdade?
Ou não está a fim de saber?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Viajante

       Introdução Histórica:

E quando os dias difíceis duram mais que o programado, que o esperado?
E quando parece que não vamos agüentar?
Hoje levaremos a vitória sobre nossos desafios e lutas!
Hoje aqui levaremos a vitória!

  Texto: Êxodo 15: 22-27 “... Fez Moisés partir a Israel do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não acharam água.
23 - Afinal, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara.
24 - E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?
25 - Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou,
   
    1 – Falta d’água... Verso 22

Imagino que meia hora em um deserto sem água deve dar uma sede absurda, o homem é abatido pelo seu próprio ser interior.
O fato de saber que não existe água o faz morrer de sede, imagine três dias com essa informação, noites de insônia, medo de o sol nascer e mais um dia de seca.

Sabemos também que deserto é lugar de seca, vazio, lugar de morte, obviamente não existe alegria compartilhada. Afinal compartilhar o quê?

Um fato que observo em minha vida, imagino que serve para o contexto do homem, e que por mais que faça teatros de doçura, muito tempo de deserto nos faz amargos como o fel.
Muitos dias de dificuldades falta de dinheiro, falta de amigos, inseguranças, doenças dores constantes nos levam ao tal stress.
Ele vem sorrateiro, ligeiro como a má notícia e má notícia que é, nos faz bem amargos.
Essa é a falta d’água, não sei você, mas, sei que somos iguais como seres humanos, portanto posso afirmar que não há felicidade na seca.

         2 – E quando o alívio visível é pior que a seca? Verso 23

Um fato marcante em um viajante, é a busca pelo pousar, é o que o move para frente, que o faz continuar, ele espera a estalagem a pousada que refrigera, alimenta, alivia.
O viajante espera ser servido por chegar, não espera luxo ou tratamento vip, espera alívio e descanso.
O viajante sonha com o livrar-se das roupas empoeiradas, sonha com as águas...
Sonha com o banho, é incrível, mas o banho é mais importante que a comida.

A água fresca tem o poder de acalmar a alma, de trazer paz, quando ingerida chega a causar calafrios de prazer.

Também existem águas como as de Mara, são lindas, azuis como o céu, dá sede até em quem não tem, porém totalmente amargas, é impossível beber.
Por maior que seja a sede, por mais que insistamos em beber, não dá, tem gosto de morte, de remédio para fígado, horrível!

Tenho duas perspectivas:
A de quem bebe e a de quem dá de beber.
Você já procurou água, esperou ser servido desse refrigério que acalenta e acolhe?
Já esperou ser acolhido e só encontrou veneno?

Tenho uma pergunta:
Quando nos deparamos com essas águas de Mara, o deserto não nos parece um lugar melhor?

Outra pergunta?
Se eu precisasse de refrigério agora, que tipo de águas encontraria?
Você me acolheria, me levaria para a paz?
Dar-me-ia um lugar seguro e prepararia um bom banho para me lavar da sujeira do deserto?
Ou me daria um chá de boldo quente?

Que tipo de águas tem para me oferecer?

Verso 24 – O que eu vou beber? O que você tem para me dar?
Graça ou desgraça?

Essa é a pergunta do tal “mundo perdido” que afirmamos com tanta propriedade não fazer mais parte, eu já tive a infeliz experiência de precisar de água e achar boldo dentro da comunidade.
Minha crítica não é quanto à minha experiência, mas ao fato de que precisamos olhar para dentro e nos perguntar o que estamos dando a beber.
Águas de Mara?
      
         3 – Está amargo ai? É melhor começar a falar com Deus. Verso 25

A saída está em Deus, quando me deparei com o fel, corri para Deus, seus braços abertos não estavam engessados como o do Cristo Redentor do Rio de janeiro.
Estavam flexíveis, fui abraçado tão apertado que quase perdi a voz.

Recebi água potável do Messias, naqueles dias sentia alívio cada vez que bebia, parecia até ouvir o barulho de suas águas caírem e vencerem o calor da minha chapa quente.

Mas o fato de ter encontrado alívio no Criador não isenta a irresponsabilidade humana nesse processo:
A omissão, a indiferença, a aridez, a acusação são pecados amargos demais para serem provados por quem precisa de água potável e fresca.

Diante de tantos desencontros vem à crítica visceral, à volta ao espelho, o olhar de reprovação deve se voltar para o Eu e não para o Tu.

Existe um caminho do ser existencial:
O “Eu” só pode ser completar-se no “Tu” e essa simbiose criativa gera um ser completo o “Nós”, com características próprias, ele é a soma da entrega dos dois serem incompletos.

Não quero me estender nessa filosofia existencial, quero só reiterar o fato de que quando oferecemos o boldo no lugar da água para o “Tu” o “Nós” morre, não tem razão de existir.
Os relacionamentos íntimos são constituídos de socorro na hora da angústia.

Provérbios 17:17 – “... Em todo o tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão...”

Queremos os irmãos, mas não pagamos o preço de amá-lo, queremos os irmãos que estão dentro de nosso perfil e padrão, cuja conduta não pode ser duvidosa ou suspeita, como podemos amar assim?

Como um viajante vai parar para pousar em nossas pousadas de fel?
Fel da justiça própria, do julgamento pelo que os olhos vêem, sem a causa maior que é Jesus, seu sangue e sua Cruz?
Onde está o amor incondicional?

Agora não é hora de se ofender é hora de refletir, olhar só para si, para mais ninguém.
Onde estou? Que águas eu tenho oferecido? Águas de Mara?

  Desfecho: Texto: Êxodo 15:25 “... Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou...”

Diante de tais palavras temos duas claras escolhas:

A primeira é ouvir e sentir-se acusado e acuado, usar o artifício de apontar a culpa, sentir-se endereçado na mensagem e gerar mágoa o suficiente para mais rompimentos.

A segunda é a atitude do texto: Moisés diante das águas amargas clamou ao Senhor, Ele tinha a opção de reclamar, mas optou por clamar.

Como diz um amigo: vou dar um conselho de bobo, se eu fosse você correria para o clamor, apresentaria minha vida sem essas falsas justificativas.
Elas vêm recheadas de mentiras verdadeiras, apontamos os defeitos no “Tú” para justificar nossa prática hedionda.

O Senhor vai nos mostrar a árvore, a Cruz onde devemos nos lavar.

Não é uma mensagem de acusações sem saída, para gerar peso de consciência, o objetivo é o acerto com o “Tu” que passa por nossas vidas e bebe do nosso fel e boldo quando só queria e precisava de água...

Os viajantes somos eu ou você, todos passamos pelos desertos, todos sentimos sedes desconfortantes.
Como viajante que sou, gostaria sinceramente encontrar água doce em sua vida, talvez pensemos que um sacerdote não viaja, eu viajo, e estou viajando hoje e agora, já precisei muito de água doce, tenho esperança de encontrá-la em você.

Essa é a vida plena de significados, o meu “Eu” bebendo das águas doces do seu “Eu” formando o novo ser o “Nós”. Deus não te fez uma ilha, te fez comunitário.

Se assumirmos que estamos amargos, não pelas depressões ou tristezas da vida, mas pelas maldades que habitam nosso ser, então o próximo passo é correr para o Ressurreto, para sua Cruz.
Não são palavras para novos ou velhos, são palavras de um viajante para outro, o deserto nos torna amargos, sedentos e solitários.
Precisamos de pouso e repouso, o mundo precisa desse refrigério em nós, precisamos, portanto, estar disponíveis a todos os viajantes.
É um “Nós” completo e sustentável.


Texto João 19:34 “... Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água...”

Sangue capaz de perdoar o fel que damos a beber aos viajantes e água capaz de transformar nossa nascente amarga em água potável.

É um convite ao sedento, águas amargas não servem nem para o próprio consumo, um ser amargo pelo farisaísmo, pelo legalismo, não tem onde beber, não bebe em Jesus, está com sede.

Texto João 7:37-38 “... No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38 - Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva...”


Você pode ser uma fonte de vida, primeiro deve beber de Jesus, é preciso reconhecer a sede e ir até a cruz, foi o sinal dado a Moisés, o segundo é ser uma fonte de vida.

Você tem sede? Venha!
Se crer se tornará uma fonte potável aos viajantes, não são minhas promessas são do Mestre Jesus
Venha e Beba
Venha e torne-se uma fonte!



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Médico e Louco

Introdução:

Por volta de 1955 havia um médico chamado Dr. Marcus Esculápio, nascido na Inglaterra descendente de gregos Dr. Marcus ficou muito famoso por seus feitos, foi considerado um bruxo pela igreja devido a métodos estranhos e exames nada ortodoxos, ele conseguia detectar enfermidades e problemas de saúde das formas mais inusitadas para a época.
Como muitos de seus métodos mesmo explicáveis não eram compreendidos nem pela classe médica, muitos de seus colegas o engoliam pela alta posição de sua família.
Dr. Marcus não foi queimado na fogueira das bruxas graças ao seu nome, já que seu pai serviu a monarquia com extrema honra custando-lhe a vida para salvar a realeza, sua mãe recebeu a mais alta condecoração militar no funeral do herói que em 1952 após a coroação da Rainha Elizabeth II, avistou um assassino indo ao encontro da rainha, ele atirou-se em frente da arma que o matou em seu lugar.
Dr. Marcus tinha entrada privilegiada na realeza que o considerava um mago da saúde, alguns achavam que Esculápio o deus da medicina o usava através de seus métodos estranhos.
Mas Dr. Marcus não era um burguês, era um homem a serviço da saúde, buscava a enfermidade onde pudesse achar para bani-la, dentro de si ele olhava as doenças como inimigos do ser humano, travava a cada dia suas batalhas contra esses demônios que abatiam, mutilavam e matavam vidas humanas.
Dr. Marcus não se vendia à realeza ou ao sistema médico, ele tinha compromisso com o ser humano, em qualquer classe social, tinha passe livre na realeza, mas não usava disso para ter uma vida social.
Dr. Marcus andava com o povo, nas áreas onde a falta de infra-estrutura colaborava para suas descobertas científicas, andava no meio das pragas, parecia não temer ser contaminado, parecia mesmo agraciado pelos deuses.
Ele usava ajudantes do povo para atrair os enfermos para serem atendidos e curá-los, tinha um vigor descomunal e amor pelo ser humano, ele não era frio com o paciente, ia além da medicina, agia como se fosse um conselheiro, um amigo de verdade.
As crianças ao vê-lo corriam ao seu encontro, o abraçavam, o beijavam, muitas delas gratas por serem curadas ou por terem seus pais curados.
No meio dos pobres e miseráveis ele era um rei, um deus, o povo o amava, a igreja o odiava, a realeza se divertia com tudo isso, o protegia para afrontar a igreja inerte, inchada e vaidosa.
Em um belo dia de sol, Dr. Marcus foi convidado para uma festa, não sabia que era em sua homenagem, mas não podia recusar o convite feito por Levi seu assistente.
Levi foi um desses casos perdidos, sua família era de classe média, ele servia a realeza na captação dos dinheiros dos impostos.
Devido à exposição direta com o povo, Levi contraiu tuberculose e foi desenganado pelos médicos, milagrosamente depois de um tratamento fora dos padrões comuns, Dr. Marcus o curou.
Levi depois de curado decidiu que doaria o restante de sua vida a salvar pessoas assim como o Dr. Marcus, o ajudando, conhecendo seus métodos e auxiliando o médico.
A festa era em homenagem ao doutor que salvara sua vida da morte, na festa tinha todo o tipo de gente, políticos, mafiosos e muitos doentes em tratamento que se tornaram amigos de Levi.
Durante a festa Levi fez uma homenagem ao doutor e citou a passagem bíblica de Marcos 2:13-17, disse se sentir como o Levi da bíblia, um homem perdido que foi salvo por Jesus e aceitou o chamado de deixar tudo e segui-lo.
Enquanto a festa acontecia, lá fora do outro lado da rua pessoas do clero estavam a observar, fazer sinais de reprovação e descontentamento, conforme as pessoas chegavam para a festa o clero ali presente mostrava repulsa ao ponto de chamar Levi para uma conversa pouco amistosa.
Levi atendeu os religiosos e voltou para dentro, Dr. Marcus grande observador o chamou, Levi abaixou-se e contou que os religiosos acharam um absurdo um médico famoso e respeitado na nação, estar à mesa com esse tipo de gente, que exercer a profissão até que era aceitável, mas festejar com eles estava indo longe demais.
Dr. Marcus levantou-se foi até o portão baixo da casa e dali mesmo respondeu:
- “... Hoje meu ajudante e amigo me comparou com o Mestre Jesus e como Ele responderei às vossas indagações, não são os sãos que precisam de médico, mas os enfermos, eu não vim para chamar justos, mas pecadores...”
                                              (Autor: Flavio Morilha – Paráfrase de Marcos 2:13-17)

    Texto: Marcos 2:13-17“... Uma vez mais, saiu Jesus e foi caminhar na praia, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava
14 – Enquanto andava, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado à mesa da coletoria, e o chamou: “Segue-me!” Ao que ele se levantou e o seguiu.
15 – Aconteceu que, em casa de Levi, publicanos e pessoas de má fama, que eram numerosas e seguiam Jesus, estavam à mesa com Ele e seus discípulos.
16 – Quando os mestres da lei que eram fariseus os viram comendo com os publicanos e outras pessoas mal afamadas, perguntaram aos discípulos de Jesus: - “Por que Ele se alimenta na companhia de publicanos e pecadores?”
17 – Ao ouvir tal juízo, Jesus lhes ponderou: “Não são os que têm saúde que necessitam de médico, mas, sim, os enfermos. Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores...”                                               Bíblia do Rei James
                                                  
1 – Uma busca estranha. Verso 13 e 14

Fico a me perguntar por que Jesus me chamou para fazer o que estou a fazer, como escrever este sermão, criar ilustrações e desenvolver projetos dos quais não me julgo capacitado, ou mesmo pronto.
Você já se perguntou o que está fazendo aqui?
Já se questionou como Deus pode te chamar para perto de Si?
Não é totalmente sem nexo chamar pessoas como eu e você para realizar sua obra?
Quando a gente olha para Deus, normalmente imaginados que por tantas coisas erradas que fizemos e fazemos, deveríamos ser castigados e não abraçados.
É uma sensação tão esmagadora que a cada abraço apaixonado do Abba (Deus Pai) sentimos como se o estivéssemos enganando.
Na mente o questionamento:
Mas Ele não sabe quem sou eu?
Se soubesse não me abraçaria assim, iria me castigar, pois, é o que mereço!
Parece até um bordão que uso, mas Ele é doido mesmo!
Ou um bordão de bom amigo, não faz o menor sentido!
Recordo-me de que a primeira vez que li este texto em minha adolescência, achei meio estranho Jesus chamar alguém que lesava o próprio povo, como ainda não tinha idéia de seu amor, justificava seus atos pelo ditado popular:
Deus escreve certo por linhas tortas...
Deduzia que Jesus por conhecer o interior de Levi, sabia que aquele homem era bom e que pelas circunstâncias, ele estava apenas mal encaminhado na vida, que Jesus com a revelação sobre o interior do homem, sabia quem era Levi por dentro.
Mas hoje depois de meu despertar, de encontrar Deus, seu puro amor, sua pura graça, que nenhum homem é bom, muito menos eu, comecei a compreender.
É loucura mesmo, é pura graça, puro amor.

2 – Uma festa mais estranha ainda. Verso 15 e16

Bom gente! No meio desse caos causado pelo Rei dos Reis, uma festa insana seria bem apropriada.
Levi estava comemorando seu desemprego, não teria mais a prosperidade, sua vida e de seus familiares iria sofrer um golpe financeiro.
Ele estava comemorando o que afinal?
Qual foi seu brinde?
- “... Queridos convidados quero levantar esta taça para uma grande mudança que fiz em minha vida, a partir de agora, me demiti do cargo e vou seguir Este homem aqui presente, Ele me chamou para segui-lo, não o conheço a não ser os boatos do que Ele faz e que sua filosofia é estranhamente nova e atraente para mim.
Não resisti ao seu convite de segui-lo e aconselho que vocês façam o mesmo...”
Espere ai! Só eu estou maluco aqui?
Isso é tudo normal para você?
Você deixaria o cargo de fiscal do imposto de renda para seguir a um homem que não conhece, só pelas palavras que diz e os boatos que ouve?
E o pior ele ainda declarar que segui-lo é não ter lugar nem para dormir?
Talvez você me responda que se fosse Jesus sim.
E eu pergunto, nós o seguiríamos assim mesmo?
Levi não sabia que Jesus era o filho de Deus.
Durante sua convivência ele  só o reconheceu depois de sua morte, somente Pedro declarou sua divindade em vida, os outros não tiveram a mesma revelação do Espírito Santo, eles o seguiram sem saber quem realmente era.
Sabiam que não era um homem comum, mas não sabiam que era Deus.

3 – Comida é coisa séria. Verso 16

Para um Judeu comer é um ato sagrado, não se come com qualquer um, somente com pessoas realmente importante, alimentar-se com alguém é declarar que existe intimidade e prazer.
Os mestre da Lei, e toda a nação consideravam que a alimentação deveria ter reverência, respeito para com Deus, sempre diante do alimento deve se dar graça e adoração a Deus.
O que então Jesus estava fazendo ali? Era a pergunta deles.
Como poderia dar graças pelo alimento oriundo de corrupção.
Como poderiam adorar a Deus sendo homens corruptos, mal afamados, ladrões de colarinho branco, homens do mensalão?
Como assim Jesus se dizendo Filho de Abba, dando graças à mesa com essa gente?
Diga-me com quem andas...
 - Esse Jesus só pode ser farinha do mesmo saco!
 - Que desrespeito à essa hora sagrada! Isso é heresia! Que sacrilégio!

   Desfecho: A convocação dos pecadores. Vs 17
   Texto : “...17 – Ao ouvir tal juízo, Jesus lhes ponderou: “Não são os que têm saúde que necessitam de médico, mas, sim, os enfermos. “Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores...”                                              

Minha vida toda esperei ser um líder religioso, desde minha adolescência, sonhava com o púlpito, com a pregação e a vida de um sacerdote.
Devido ao meu temperamento espalhafatoso e barulhento, por muito tempo fui julgado como incapaz de exercer tal função.
Sempre que cometia erros, tudo vinha à tona, como uma bomba, era apontado como pecador subversivo. Uma vez em minha mocidade, os pais dos jovens os proibiram de terem relacionamento comigo, tinha uma namorada que terminou nosso relacionamento naquela época por pressão da igreja.
Eu era terrível, imagino que ainda seja...
Onde tinha um barulho, uma confusão de idéias, ali estava eu, era comum eu ouvir: - Só pode ser o Flavinho mesmo.
Durante minha carreira cristã, todos adoravam ouvir minhas canções, fiquei acorrentado ao sonho sem poder tocá-lo, todos me queriam nas canções, mas ninguém nas pregações, afinal isso é coisa séria e você não está pronto para isso e Deus não me revelou nada, diziam meus líderes.
Para serem gentis falavam: Flavinho você tem o chamado, mas ainda não é a hora...
Às vezes ouço isso hoje, mesmo sendo já um sacerdote.
Meu despertar não me fez digno do que Deus me chamou para fazer, me fez ver que nunca serei digno, por que nada, absolutamente nada, do que fizer irá trazer dignidade ao meu chamado.
Quando olhei para mim assim, tive muitos ataques, ainda os tenho na alma, principalmente quando olho para este texto e me vejo nesse Levi, ou qualquer um dos convidados da festa.
Ou quando cometo erros que transcendem a compreensão humana.
Declaro ao Salvador: - Não faz o menor sentido Jesus.

Querido (a)
Nunca fará sentido!
Uma resposta, uma ponderação aos inquisidores de Jesus não trouxe paz, a paz não é para quem inquire, mas para quem está sentado à mesa com o Dr. Jesus Esculápio, o Deus da medicina.
Quem inquire, não precisa ser aceito, não precisa do Médico, enxerga-se são, acima do erro de um pecador como eu por exemplo.
Quem inquire está do lado de fora da festa, não foi convidado.
Quem está doente, quem se condena quem se vê detestável, é convidado de honra à mesa com Jesus o Médico e Louco!
Quem inquire é justo por si só e um “são” não precisa de Médico, acha-se bom e como passar do tempo, vai julgar até Jesus por deixar “um cara desse” fazendo o que faz.
Quem está doente, procura um médico, é uma reação natural de sobrevivência, quem consegue ver claramente seus pecados, não os encobre, não mascara, assume e recebe o convite para a festa. E não adianta fingir-se um pecador, a festa com pecadores irá incomodar quem é justo por dentro.
Hoje entendo que se fui chamado para o sacerdócio, não fui chamado pelo meu saber, fazer ou ser. Não sei, não faço, mas sei quem sou:
- Um pecador que precisa desesperadamente de Jesus.
E você de que lado vai ficar, dos justos ou dos pecadores?
Você é um inquisidor ou um pecador? De que lado da festa está?
Do outro lado da rua com o Clero ou na festa com o Dr. Jesus?
Não é uma decisão é um despertar, vem de dentro e não das palavras.
Se você ainda dorme como um justo, peça a Deus para acordar como pecador.
É o despertar de um são que descobriu ser enfermo em estado terminal.