segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pré-Acampamento Identidade – Afinal Quem Somos Nós?

         Introdução Histórica:
Diz o refrão de uma música do Fruto Sagrado:
            Quem é você?
            O que você é?
            Tá aqui por quê?
            Já sabe a verdade?
            Ou não está a fim de saber?

      Texto: Jeremias 35:1-10 “... Palavra que do SENHOR veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
2- Vai à casa dos recabitas, fala com eles, leva-os à Casa do SENHOR, a uma das câmaras, e dá-lhes vinho a beber.
3- Então, tomei a Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, aos irmãos, e a todos os filhos dele, e a toda a casa dos recabitas;
4- e os levei à Casa do SENHOR, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes e sobre a de Maaséias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5- e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos e lhes disse: Bebei vinho.
6- Mas eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou: Nunca, jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos;
7- não edificareis casa, não fareis sementeiras, não plantareis, nem possuireis vinha alguma; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a terra em que viveis peregrinando.
8- Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;
9- nem edificamos casas para nossa habitação; não temos vinha, nem campo, nem semente.
10- Mas habitamos em tendas, e, assim, obedecemos, e tudo fizemos segundo nos ordenou Jonadabe, nosso pai.

        01 – Seja Feita a Minha Vontade...

São palavras lindas e eternas se fossem conjugadas na pessoa certa da oração. Quase passa despercebida se não atentarmos para o eu.
“... Que seja feita a minha vontade...” é o que o nosso mundo grita desde os primórdios da humanidade.
Pela falta da identidade, pelo seqüestro de quem somos estamos todos os dias correndo atrás do “Eu” como um débil atrás do vento tentando pegá-lo.
Esta é a grande verdade, quanto mais inteligentes mais corremos atrás do vento.
Quando Adão entregou a Eva seu “Eu de Deus”, quando Eva entregou à serpente, ou melhor, ao Diabo seu “Eu de Deus” perderam-se de quem eram, imaginemos:
Uma existência na perfeição de Deus e em um só dia, tudo modificado, um seqüestro, um cativeiro, banidos de quem eram, expulsos dos jardins, vida dura de dores de parto, suor do rosto pelo pão.
Capitalismo selvagem, a lei do mais forte, a manipulação para uso e fruto, as mentiras sociais, as mentiras urbanas, religiosas, pessoais, os impostores atuando no palco principal da vida, crentes de que são reais, de que existem.
Desde Adão, quando se entregou ao seqüestro de sua subjetividade o homem tenta sem sucesso ser ele mesmo através de suas invenções do “Eu”, o homem tenta se recriar já que perdeu Deus de vista.
Perdido do seu Pai o homem tenta inventar os chás da tarde com Deus, usa religiões do Ego, vazias como a própria alma.
“... O primeiro caso de seqüestro da humanidade foi no Édem, o homem foi criado para viver com Deus e abdicou desse direito, entregou eu “Eu” ao inimigo, ao seqüestrador que o prendeu no cativeiro, tirou d’ele seu lugar, sua honra, seu sobrenome, sua essência...

Agora desesperado e amargo sem norte o homem caminha por si só, não buscou reencontro, não buscou arrependimento, só amargura, não pediu perdão, foi viver a vida ausente de si, afinal seu “Eu” estava perdido para sempre.
Embora tenha sido o único ser humano que literalmente tomou chá da tarde com Deus, que o viu face a face, que conversou com Ele como conversamos com quem gostamos, Adão parece não ter conhecido Deus.

“... Faltaram arrependimento e reconciliação em Adão, foi preciso o Deus de Amor enviar seu filho para reconciliar consigo o mundo. O homem insiste em continuar no palco da vida, escondendo seu vazio por detrás das rotundas, insiste em viver no palco, no picadeiro, luzes artificiais, efeitos e defeitos, ele avança seguro de si para o centro, apenas uma encenação, nada real, porém, realmente acredita na realidade de seu show...”
         
     02 – Recabitas, um povo estranho?

Se houver um pouco de sinceridade em nosso olhar, existe algo muito estranho e chocante no texto, simplesmente um absurdo, uma insanidade coletiva.
O pai resolveu deduzir que sua família teria uma vila longa, que sua hereditariedade duraria mais que o natural se simplesmente não bebessem bebida alcoólica, não tivessem terras, não plantassem, não cultivassem, não possuíssem casas, morassem em tendas pelo resto da vida...
Os herdeiros desse decreto insano obedeceram a essas palavras, realmente acreditaram nisso, nessa dieta de longevidade, nessa fonte da juventude.
Algo deve ser observado, a forma mais comum de vida naquela época era a agricultura, em algumas regiões não havia moeda, somente a troca de produtos agropecuários.
Podemos deduzir que esses familiares se tornaram mascates, afinal não tinham o mais importante para a produção de recursos: a terra.

Embora tudo pareça estranho, Jonadabe, filho de Recabe, teve uma revelação de Deus, ele acreditou no seu chamado, conseguiu ver além de seus olhos, visualizou o futuro, muito além de sua existência.
Jonadabe viu a promessa de Deus para sua família bem depois de sua morte.
Eles não eram estranhos, havia uma crença verdadeira de chamado, talvez com o tempo os sucessores comprovaram que seus descendentes viviam mais, que sua família estava unida, que eram saudáveis.
Talvez verificaram que a falta de casas e terras, tiravam d’eles as preocupações com o que diz respeito, viviam mais por que tinham vida simples, como diz a canção:
“...Casa simplesinha, Rede pra dormir,
De noite um show no céu, Deito pra assistir,
Deus e Eu no sertão...”
               
“... Não eram estranhos, eram simples, simplificados da vida corrida e desesperada do homem, daí nossa estranheza para com eles, não ter onde morar, não ter liberdade de beber o vinho da alegria nem em uma festa de casamento, afinal não adquirir, não conquistar é o mesmo que não ser...”

Lucas 12:15 – Então lhes disse: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza:
“... A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui...”

Estranhos somos nós, descontentes, críticos da simplicidade, tentando provar que somos por termos.
“... Loucos somos nós que entregamos nossa subjetividade para o seqüestrador do “Eu”, Não somos donos de nós, perdemos nossa identidade, justificamos nossos atos no palco, o “Eu” está lá, amordaçado, amarrado, jogado no colchão, mal alimentado submisso ao nosso capricho por detrás da rotunda...”

Desfecho: Texto Jeremias 35:16, 18-19 “... Visto que os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai, que ele lhes ordenara, mas este povo não me obedeceu,
18- À casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus preceitos, e tudo fizestes segundo vos ordenou,
19- por isso, assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Nunca faltará homem a Jonadabe, filho de Recabe, que esteja na minha presença...”

            E ai quem é louco agora?Diga!
            É o que diriam hoje diante de nossas afirmativas de direito.

Eles sabiam quem eram, de onde vieram e para onde iriam, e nós? Sabemos?
               
Enquanto encenamos a peça: “Vidas Secas” uma retórica sobre a afirmativa da vida plena que não existe, os Recabitas estão lá, assentados confortavelmente nas poltronas acolchoadas, anônimos para nós, no escuro que nossas luzes artificiais proporcionam.
Estão lá esperando o Gran Finale, onde o palco cai, as luzes explodem, as cortinas da rotunda pegam fogo, e o “Eu” seqüestrado finalmente é libertado pelo Homem do Cavalo Branco que corta suas cordas com sua espada de dois gumes, capaz de separar Juntas e Medulas, Alma e Espírito, Pensamentos e Intenções.
Aplaudindo de pé, os Recabitas gritam, assoviam, jogam papeis picados, e um buquê de flores é entregue a cada um dos atores trapalhões que diante do fiasco de apresentação, descobriram que o melhor da peça foi a intromissão desse “Cavaleiro”.
Agora desnudos de seus personagens ideais, são comuns, podem receber os aplausos como salvos de si, salvos pela graça de Deus, herdeiros da promessa de que nunca faltará a presença de Deus para o chá da tarde.

Tenho um desafio, já que o palco vai cair, que seja você que comece a Anarquia, coloque fogo nas cortinas, destrua suas lâmpadas de foco e realce deixe o Cavaleiro Chamado Jesus te salvar.
O buquê de Rosas de Saron está preparado, identifique-se e venha para a Festa do Cordeiro.

Nossa encenação não vai dar certo, você já sabe a verdade?
Ou não está a fim de saber?

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