quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Viajante

       Introdução Histórica:

E quando os dias difíceis duram mais que o programado, que o esperado?
E quando parece que não vamos agüentar?
Hoje levaremos a vitória sobre nossos desafios e lutas!
Hoje aqui levaremos a vitória!

  Texto: Êxodo 15: 22-27 “... Fez Moisés partir a Israel do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não acharam água.
23 - Afinal, chegaram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara.
24 - E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?
25 - Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou,
   
    1 – Falta d’água... Verso 22

Imagino que meia hora em um deserto sem água deve dar uma sede absurda, o homem é abatido pelo seu próprio ser interior.
O fato de saber que não existe água o faz morrer de sede, imagine três dias com essa informação, noites de insônia, medo de o sol nascer e mais um dia de seca.

Sabemos também que deserto é lugar de seca, vazio, lugar de morte, obviamente não existe alegria compartilhada. Afinal compartilhar o quê?

Um fato que observo em minha vida, imagino que serve para o contexto do homem, e que por mais que faça teatros de doçura, muito tempo de deserto nos faz amargos como o fel.
Muitos dias de dificuldades falta de dinheiro, falta de amigos, inseguranças, doenças dores constantes nos levam ao tal stress.
Ele vem sorrateiro, ligeiro como a má notícia e má notícia que é, nos faz bem amargos.
Essa é a falta d’água, não sei você, mas, sei que somos iguais como seres humanos, portanto posso afirmar que não há felicidade na seca.

         2 – E quando o alívio visível é pior que a seca? Verso 23

Um fato marcante em um viajante, é a busca pelo pousar, é o que o move para frente, que o faz continuar, ele espera a estalagem a pousada que refrigera, alimenta, alivia.
O viajante espera ser servido por chegar, não espera luxo ou tratamento vip, espera alívio e descanso.
O viajante sonha com o livrar-se das roupas empoeiradas, sonha com as águas...
Sonha com o banho, é incrível, mas o banho é mais importante que a comida.

A água fresca tem o poder de acalmar a alma, de trazer paz, quando ingerida chega a causar calafrios de prazer.

Também existem águas como as de Mara, são lindas, azuis como o céu, dá sede até em quem não tem, porém totalmente amargas, é impossível beber.
Por maior que seja a sede, por mais que insistamos em beber, não dá, tem gosto de morte, de remédio para fígado, horrível!

Tenho duas perspectivas:
A de quem bebe e a de quem dá de beber.
Você já procurou água, esperou ser servido desse refrigério que acalenta e acolhe?
Já esperou ser acolhido e só encontrou veneno?

Tenho uma pergunta:
Quando nos deparamos com essas águas de Mara, o deserto não nos parece um lugar melhor?

Outra pergunta?
Se eu precisasse de refrigério agora, que tipo de águas encontraria?
Você me acolheria, me levaria para a paz?
Dar-me-ia um lugar seguro e prepararia um bom banho para me lavar da sujeira do deserto?
Ou me daria um chá de boldo quente?

Que tipo de águas tem para me oferecer?

Verso 24 – O que eu vou beber? O que você tem para me dar?
Graça ou desgraça?

Essa é a pergunta do tal “mundo perdido” que afirmamos com tanta propriedade não fazer mais parte, eu já tive a infeliz experiência de precisar de água e achar boldo dentro da comunidade.
Minha crítica não é quanto à minha experiência, mas ao fato de que precisamos olhar para dentro e nos perguntar o que estamos dando a beber.
Águas de Mara?
      
         3 – Está amargo ai? É melhor começar a falar com Deus. Verso 25

A saída está em Deus, quando me deparei com o fel, corri para Deus, seus braços abertos não estavam engessados como o do Cristo Redentor do Rio de janeiro.
Estavam flexíveis, fui abraçado tão apertado que quase perdi a voz.

Recebi água potável do Messias, naqueles dias sentia alívio cada vez que bebia, parecia até ouvir o barulho de suas águas caírem e vencerem o calor da minha chapa quente.

Mas o fato de ter encontrado alívio no Criador não isenta a irresponsabilidade humana nesse processo:
A omissão, a indiferença, a aridez, a acusação são pecados amargos demais para serem provados por quem precisa de água potável e fresca.

Diante de tantos desencontros vem à crítica visceral, à volta ao espelho, o olhar de reprovação deve se voltar para o Eu e não para o Tu.

Existe um caminho do ser existencial:
O “Eu” só pode ser completar-se no “Tu” e essa simbiose criativa gera um ser completo o “Nós”, com características próprias, ele é a soma da entrega dos dois serem incompletos.

Não quero me estender nessa filosofia existencial, quero só reiterar o fato de que quando oferecemos o boldo no lugar da água para o “Tu” o “Nós” morre, não tem razão de existir.
Os relacionamentos íntimos são constituídos de socorro na hora da angústia.

Provérbios 17:17 – “... Em todo o tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão...”

Queremos os irmãos, mas não pagamos o preço de amá-lo, queremos os irmãos que estão dentro de nosso perfil e padrão, cuja conduta não pode ser duvidosa ou suspeita, como podemos amar assim?

Como um viajante vai parar para pousar em nossas pousadas de fel?
Fel da justiça própria, do julgamento pelo que os olhos vêem, sem a causa maior que é Jesus, seu sangue e sua Cruz?
Onde está o amor incondicional?

Agora não é hora de se ofender é hora de refletir, olhar só para si, para mais ninguém.
Onde estou? Que águas eu tenho oferecido? Águas de Mara?

  Desfecho: Texto: Êxodo 15:25 “... Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou...”

Diante de tais palavras temos duas claras escolhas:

A primeira é ouvir e sentir-se acusado e acuado, usar o artifício de apontar a culpa, sentir-se endereçado na mensagem e gerar mágoa o suficiente para mais rompimentos.

A segunda é a atitude do texto: Moisés diante das águas amargas clamou ao Senhor, Ele tinha a opção de reclamar, mas optou por clamar.

Como diz um amigo: vou dar um conselho de bobo, se eu fosse você correria para o clamor, apresentaria minha vida sem essas falsas justificativas.
Elas vêm recheadas de mentiras verdadeiras, apontamos os defeitos no “Tú” para justificar nossa prática hedionda.

O Senhor vai nos mostrar a árvore, a Cruz onde devemos nos lavar.

Não é uma mensagem de acusações sem saída, para gerar peso de consciência, o objetivo é o acerto com o “Tu” que passa por nossas vidas e bebe do nosso fel e boldo quando só queria e precisava de água...

Os viajantes somos eu ou você, todos passamos pelos desertos, todos sentimos sedes desconfortantes.
Como viajante que sou, gostaria sinceramente encontrar água doce em sua vida, talvez pensemos que um sacerdote não viaja, eu viajo, e estou viajando hoje e agora, já precisei muito de água doce, tenho esperança de encontrá-la em você.

Essa é a vida plena de significados, o meu “Eu” bebendo das águas doces do seu “Eu” formando o novo ser o “Nós”. Deus não te fez uma ilha, te fez comunitário.

Se assumirmos que estamos amargos, não pelas depressões ou tristezas da vida, mas pelas maldades que habitam nosso ser, então o próximo passo é correr para o Ressurreto, para sua Cruz.
Não são palavras para novos ou velhos, são palavras de um viajante para outro, o deserto nos torna amargos, sedentos e solitários.
Precisamos de pouso e repouso, o mundo precisa desse refrigério em nós, precisamos, portanto, estar disponíveis a todos os viajantes.
É um “Nós” completo e sustentável.


Texto João 19:34 “... Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água...”

Sangue capaz de perdoar o fel que damos a beber aos viajantes e água capaz de transformar nossa nascente amarga em água potável.

É um convite ao sedento, águas amargas não servem nem para o próprio consumo, um ser amargo pelo farisaísmo, pelo legalismo, não tem onde beber, não bebe em Jesus, está com sede.

Texto João 7:37-38 “... No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38 - Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva...”


Você pode ser uma fonte de vida, primeiro deve beber de Jesus, é preciso reconhecer a sede e ir até a cruz, foi o sinal dado a Moisés, o segundo é ser uma fonte de vida.

Você tem sede? Venha!
Se crer se tornará uma fonte potável aos viajantes, não são minhas promessas são do Mestre Jesus
Venha e Beba
Venha e torne-se uma fonte!



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