domingo, 31 de julho de 2011

Plebeus ou Nobres?

Introdução Histórica:

Vivemos tempos de rápidas escolhas, de velocidade nas decisões, todos os dias somos colocados em situações de escolhas.
No trabalho em agir ou não.
Preocupações diversas tiram nossa paz, sempre estressados com o pagamento de contas, com a aquisição de bens, com conquistas, com relacionamentos complicados, com a conta bancária, o cartão de crédito, o chefe, o colega de trabalho.
Preocupados com o realizar, com as respostas para o dia de amanhã.
Metas profissionais, intelectuais, religiosas e pessoais nos exigem total concentração e dedicação, afinal, metas são estabelecidas para que aja um foco definido e atingido.
Quando eu tiver uns 40 anos tenho que estar pelo menos formado, com uma casa própria, um carro, casado e com pelo menos 2 filhos.
Seria errado estabelecer metas?
Do ponto de vista racional, matemático, lógico não.
É uma forma de ter objetivos na vida, que não têm objetivos, dificilmente chega a algum lugar.
É o que nós pensamos, nossa preparação mental jamais admitiria um raciocínio fora desse padrão, cuja insegurança nos leve ao “stress” de não ter o que “pensar”.
Com certeza pela aparente linha de raciocínio que se segue fica o questionamento:
“... É claro que temos que ter metas, como viveríamos sem elas, que seria irresponsável para viver solto de projetos? Como se pode conceber uma vida descontrolada, é como soltar um caminhão na ladeira sem freio, sem motorista, por menor que sejam os estragos eles virão...”.

Você já observou que por mais que projete, sempre acontece algo que muda o rumo, o sentido e temos que novamente fazer uma reprogramação dos projetos e das metas?
Já observou que desde o seu primeiro contado com essas “metas” elas já foram refeitas, muitas apagadas, outras esquecidas?
Percebeu que a maioria dos projetos foram deixados para traz?

Ora seja sincero consigo mesmo, mesmo o que você hoje chama de realização baseada em projetos e metas, aquilo que você pode exibir como projeto, nada mais foi que um acidente bem sucedido?
Sejamos razoáveis, estamos aqui hoje por uma série de erros que nos levaram até esse momento, podemos até chamar de acerto, de controle, mas é uma ilusão de pensamento, é uma maquiagem criada pelo nosso raciocínio lógico, a parte do cérebro que precisa ser pautada em razão, caso contrário, caminharíamos para a insanidade.

Ter o controle é a frase mais subjetiva criada, é o paradoxo da verdade absolutamente falsa. Uma verdade absoluta pode ser declarada:
“... Não temos o controle de nada...”.
E foi isso que Jesus quis dizer no texto que se segue, um descontrole controlado, uma fantasia para firmar a vida, uma ilusão para aliviar a tensão e o desespero e um chamado verdadeiro para a vida, a vida que pode ser vivida.


Texto: Mateus 6:31-33 “... Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que iremos comer? Que iremos beber? Ou ainda: Com que nos vestiremos?
32 Pois são os pagãos que tratam de obter tudo isso; mas vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas;
33 buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas...”.

01 – Cristãos e Pagãos? VS 31-21

            Aparentemente Jesus está fazendo uma separação entre “cristãos e pagãos”, e de que a verdadeira religião traz solução para todas as necessidades inclusive materiais.
            Porém não é isso, o termo usado em sua fala original é eynov ou ethenos, a palavra pagãos ou gentios é uma forma de tradução, a palavra em sua fala original quer dizer uma “etnia, um povo sem o Pai”, é uma coletividade de indivíduos crescendo e desenvolvendo sem conhecer ou crer e Deus, é mais profundo e não possui a religiosidade como base.
            Quando Jesus declarou que os “pagãos” correm atrás dessas coisas, Ele está afirmando que aqueles que não conhecem a Deus, que não o receberam como Pai precisam correr atrás dessas coisas, não possuem proteção ou apoio para suas vidas ainda que Ele queira dar.
               
            Quando Jesus afirmou Deus como nosso Pai Celestial, ele está dizendo que nossas preocupações com as necessidades de comer, beber ou vestir são desnecessárias. Que estamos agindo como se não tivéssemos um Pai.
               
            Temos agido assim?
            Como se não tivéssemos um Pai Celestial?
            Estamos correndo atrás?
               
“... Nossas declarações de que somos filhos de Deus, precisam vir acompanhadas de atitudes de Filhos de Deus...”.

            “... Jesus não faz distinção entre crentes e não crentes, não da forma religiosa que fazemos, ele diz que existem os filhos e o que ainda não são filhos. Porém Jesus afirma que existem filhos que se comportam como se não fossem filhos...”.

Se entendermos que Deus é nosso Pai Celeste, entenderemos que Ele jamais deixará seu filho ao relento.
               
De forma contemporânea Jesus está afirmando:

“... Pessoal, parem de correr atrás, isso é coisa de quem ainda não encontrou o Papai, fiquem tranqüilos e vivam a vida, ele jamais abandonaria um filho à própria sorte...”.
O chamado de Deus é para o relacionamento desenvolvido além das necessidades básicas de subsistência, Ele deseja que seja baseado em amor, no seu eterno amor.
           
O próprio Jesus afirma que o mundo todo, que “os pagãos” correm atrás, mas eles correm por que não conhecem ou porque não confiam no Pai, ou pior, porque aprenderam que Deus tem como características principais ausência e punição, portanto, a vivência, o desenvolvimento como ser humano levou-os para longe D’Ele.
           
O que Deus mais deseja é aproximar nossa relação com Ele e nos aliviar dessas preocupações, Ele sabe de tudo que você realmente precisa e do que não precisa, se receber o seu amor, entenderá o que Ele está lhe oferecendo.
            Lembre-se Ele te ama e pode provar, ou melhor, já provou e continua a demonstrar. Sempre!

02 – Moeda de troca? VS 33

“... buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas...”.

Outro equívoco religioso é o entendimento de que Jesus disse para as pessoas irem mais a igreja, irem primeiro a igreja, seja ela qual for, é um erro deduzir que Deus vai suprir todas as nossas necessidades em troca de realizações em seu reino.
O que é isso, pagamento, recompensa?

Não posso acreditar que Jesus está dizendo assim:
“... Faça as coisas de Deus que Ele não deixa faltar nada, porém se pisar na bola...”.

O suprimento de Deus não é e nunca foi um pagamento por serviços prestados.

“Buscar” o Reino é diferente de “fazer” alguma coisa Reino, buscar no original bíblico tem o sentido de procurar com o desejo profundo de encontrar, não é fazer é encontrar.

Jesus estava dizendo tanto a “pagãos como a cristãos” que todos estão buscando um preenchimento, dentro ou fora da religião, que supra um vazio que só poderá ser preenchido pelo amor incondicional de Deus.

O Reino é amor, no reino não existem “plebeus” alimentados com “pão e circo” só existe a realeza, Jesus ressurreto e os filhos adotados através do seu sacrifício.
O “acrescentado”, as “demais coisas”, estão no Reino, totalmente disponíveis para os filhos, não é uma “moeda de troca” é o que tem à mesa, os filhos são supridos, são amados, são protegidos.

“... A busca, o correr atrás é uma necessidade do ser humano que só é encontrada no Reino de Deus, nele está à justiça tão procurada, tão clamada neste mundo de injustiças...”.
“... As preocupações com o dia de amanhã é uma conseqüência da vida sozinha, da solidão de ser só, sem apoio, sem amor, sem Deus, sem o Papai...”.

“... Deus não criou o homem para viver só, porém deu-lhe o poder de escolha, mesmo sabendo que o homem iria para esse caminho, não o impediu, mesmo sofrendo o abandono, não interferiu, enviou seu filho para salvar, para devolver o seu Reino ao homem...”.
Você faz parte dele, todos fazem, mas Deus não pode ter ao seu lado pessoas que não tem vontade de estar com Ele, por isso Jesus disse sobre buscar primeiro o Reino.
“... Buscar primeiro é procurar com prioridade, é dar valor acima de todas as coisas, é buscar com consciência de que é a melhor coisa a fazer, de que é a coisa certa a fazer, de que é o que realmente precisamos...”.

“... Enquanto você estiver neste mundo, busque o Reino, não para ter tudo acrescentado, mas para sentar à mesa...”.

“... Um príncipe não precisa se preocupar com o que vai beber, comer ou vestir, ele tem outras coisas mais importantes para fazer, um grande banquete está sendo preparando para aquele grande dia, onde juntos sentaremos a mesa para festejar a plenitude do Amor do Pai...”.
O que fazer então com toda essa ansiedade interior, como vencer e crer?

   Desfecho: Hebreus 12:12-13 “... Portanto, levantai as mãos cansadas, e os joelhos vacilantes,
  13 - e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que é manco não se desvie inteiramente, antes seja curado...”.

Comece por levantar as mãos cansadas de tanto trabalho forçado na vida como plebeu, levante suas mãos, não para receber “pão e circo”, mas para pegar nas mãos do Pai.
Esses joelhos vacilantes, deslocados por tanto sobrepeso, por carregar tanto fardo, devem se alinhar.
Fique em pé, porém enquanto em seus lombos houver fardo, jamais você ficará ereto, entregue o fardo e levante-se.
Deus nos chama para uma vida firme, nós vacilamos muito, todos os dias, Ele nos chama para uma vida limpa, leve, dentro do Reino e não fora D’ele.

“... Temos um problema com nossa antiga vida de plebeu, é um instinto quase incontrolável, quando vemos um “nobre” pegar o pão na mesa, nossos olhos brilham, nossas mãos se estendem, dobramos nossos joelhos ao chão para receber o pão arremessado aos cães...”.

É um dever, uma responsabilidade limpar nosso caminho, como Reis, vamos à frente e muitos nos seguem, não deveriam, deveriam caminhar ao nosso lado, porém essa libertação da vida de plebeu vai um tempo e durante esse tempo muitos estão “mancos” e podem tropeçar, daí a necessidade de um caminho limpo, plano.

Outro fato no texto é que existe cura para a vida de um manco, o termo usado é para aquele que perdeu o pé, está ferido, machucado pela vida, perdido, e em um caminho cheio de obstáculos, dificilmente ele pararia em pé.

Não sei onde você se encaixa, um manco, um príncipe, um plebeu, um pagão ou um cristão, o que sei é que Jesus chama a todos para o reino de seu Pai, de nosso Pai.
“... Amorosamente Jesus nos chama para uma vida livre de preocupações, uma vida livre de metas e projetos, já que tudo está em seu Reino, ele nos chama para uma vida leve, garantida, ereta, digna, curada e viva...”.
“... Será que temos coragem de sair do chão e recebermos a vida de um príncipe, desejamos mesmo? Precisamos? Ou são melhores as migalhas que podemos ver?...”.

Convido você para algo novo, não é fácil, mas é a vida que você tanto busca.


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